Polícia alemã invade 24 propriedades supostamente pertencentes a oligarca russo

Casa do oligarca russo Alisher Usmanov, no estado da Baviera, bem como várias outras propriedades, foram invadidas durante uma investigação sobre possíveis violações de sanções e lavagem de dinheiro

A polícia alemã invadiu nesta quarta-feira (21) mais de 20 propriedades que se acredita pertencerem ao oligarca russo Alisher Usmanov no Estado da Baviera. Cerca de 250 agentes participaram da ação, que investiga suspeita de lavagem de dinheiro e violações das sanções da União Europeia (UE). As informações são da agência Associated Press.

A operação também esteve em endereços no Estado de Baden-Württemberg, no sul do país, e em Hamburgo e Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha. No total, foram vasculhadas 24 propriedades que supostamente têm o aliado do presidente Vladimir Putin como dono.

Usmanov, de 71 anos, um magnata do setor de mineração, já havia tido um iate avaliado em US$ 600 milhões apreendido pela polícia alemã após o início da guerra na Ucrânia. Ele também é conhecido por ser um dos primeiros investidores do Facebook, tendo ainda feito fortuna a partir de investimentos no esporte. O oligarca foi atingido por embargos e congelamentos de ativos pela UE, EUA, Reino Unido e Suíça desde 24 de fevereiro, data da invasão das tropas russas.

Alisher Usmanov recebeu a Ordem de Serviços à Pátria pelas mãos de Vladimir Putin em 2018 (Foto: Kremlin.ru)

Promotores de Frankfurt relataram que o suspeito teria realizado diversas transações entre os anos de 2017 e 2022 por meio de uma sofisticada rede de empresas offshore. Foi assim que conseguiu ocultar a origem dos pagamentos, estimados em milhões de euros.

“Existe a suspeita de que os valores transferidos resultem de crimes, em especial de evasão fiscal”, disseram os promotores.

Já os promotores em Munique detalharam por meio de em um comunicado que a investigação se concentrou em pagamentos feitos a empresas de segurança que guardavam as propriedades, em violação das regras de sanções.

Segundo o jornal britânico Guardian, as investigações em cima da elite ligada ao Kremlin foram desencadeadas pelo Panama Papers, um vazamento de 11,5 milhões de arquivos do banco de dados do escritório de advocacia offshore Mossack Fonseca.

Por que isso importa?

A apreensão de bens dos homens mais ricos da Rússia começou poucos dias após a invasão à Ucrânia. Na Alemanha e na França, iates que pertencem a dois oligarcas russos foram apreendidos, e alguns bilionários ligados a Putin constataram que seus cartões de débito haviam sido bloqueados.

Autoridades francesas na região de Marselha apreenderam o iate do russo Igor Sechin, que comanda a Rosneft, empresa estatal de energia da Rússia. Já os alemães apreenderam um iate avaliado em US$ 600 milhões pertencente a Alisher Usmanov, magnata do setor de mineração.

No caso de Sechin, a apreensão ocorreu quando as autoridades portuárias francesas notaram que a embarcação se preparava para deixar o porto onde estava atracada para reparos. Alguns bilionários russos, temendo sofrer ações semelhantes, deslocaram seus iates para as ilhas Maldivas.

Já Roman Abramovich, um dos mais populares oligarcas russos, viu-se forçado a colocar à venda o clube de futebol Chelsea. No processo, o ex-dono da agremiação, já vendida, disse que abriria mão de uma dívida de US$ 2 bilhões que o clube tem com ele. Várias propriedades de Abramovich na Inglaterra também teriam sido colocadas à venda.

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