O assassinato de um parlamentar conservador, ocorrido na última sexta-feira (16) em Essex, na Inglaterra, está sendo tratado pela polícia britânica como terrorismo. Sir David Amess foi morto a facadas durante um encontro público com eleitores em uma igreja Metodista, segundo fontes da imprensa europeia.
“A investigação inicial revelou uma motivação potencial ligada ao extremismo islâmico”, diz um comunicado emitido pelas autoridades locais, conforme informou a rede britânica BBC. O caso já foi repassado à Polícia Antiterrorista.
O autor do crime é Ali Harbi Ali, um cidadão britânico de 25 anos com descendência somali que foi detido com base na legislação antiterrorismo. No passado, ele chegou a ser observado pelo programa nacional de combate ao radicalismo, mas nunca foi alvo de uma investigação.
Nos últimos dias, durante as investigações do assassinato, as autoridades fizeram buscas em três endereços de Londres. Também ouviram o pai do acusado, Harbi Ali Kullane, que foi anteriormente conselheiro do primeiro-ministro da Somália.
O crime ocorreu no momento em que Amess mantinha um tradicional encontro com eleitores. Na hora do crime, o parlamentar estava acompanhado de uma assessora. “De repente, houve um grito dela, porque a pessoa deliberadamente sacou uma faca e começou a esfaquear David”, disse John Lamb, conselheiro do político.
Em um comunicado à imprensa, o chefe de polícia de Essex, Ben-Julian Harrington, disse que o socorro foi rápido, segundo o jornal Guardian. “Quando eles (paramédicos) chegaram, encontraram Sir David Amess, que havia sofrido vários ferimentos. Foi um incidente difícil, mas nossos oficiais e paramédicos trabalharam arduamente para salvar Sir David. Tragicamente, ele morreu no local”.
Amess, de 69 anos, era parlamentar desde 1983, casado e tinha quatro filhas e um filho. Ele é o segundo parlamentar britânico morto em exercício nos últimos anos, após o assassinato do trabalhista Jo Cox em julho de 2016.
O crime levou a secretária do Interior Priti Patel a determinar uma revisão dos procedimentos de segurança dos parlamentares. “A ministra do Interior pediu a todas as forças policiais que revisassem os arranjos de segurança para os parlamentares com efeito imediato e fornecerá atualizações no devido tempo”, disse uma porta-voz.
A decisão foi acompanhada pela presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle. Segundo ela, o crime “envia ondas de choque por toda a comunidade parlamentar e por todo o país”. E acrescentou: “Nos próximos dias, precisaremos discutir e examinar a segurança dos parlamentares e quaisquer medidas a serem tomadas”.
Terroristas britânicos
No início de setembro, um muçulmano convertido foi preso pelas autoridades britânicas por compartilhar com uma policial disfarçada vídeos “extremamente explícitos” do Estado Islâmico (EI). Ele teria dito, ainda, que desejava ver Londres “sob a bandeira” da organização extremista.
Ibrahim Roger Anderson, de 44 anos, revelou apoiar o grupo terrorista a uma mulher no Facebook e no Telegram, sem saber que estava falando com uma oficial agindo secretamente. O homem, que é mecânico de automóveis em Bedfordshire, foi condenado a sete anos de prisão após se declarar culpado de dez acusações de crimes terroristas.
Ele já havia cumprido pena por três anos em 2016 após ser condenado por tentar angariar apoio ao EI em uma barraca montada do lado de fora de uma loja pertencente a uma grande rede de vestuário no centro de Londres, o que rendeu a ele a alcunha de “Terrorista da Topshop”.
Mais recentemente, no início de outubro, outro britânico, esse de origem paquistanesa, foi acusado de encabeçar um esquema bilionário de fraude fiscal que acabou por financiar os grupos terroristas Al-Qaeda e Taleban. O nome de Imran Yakub Ahmed é um dos muitos citados nos documentos confidenciais vazados nos Pandora Papers, a maior colaboração jornalística da história, conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Ahmed chegou a ser interrogado pela polícia britânica em 1998, mas foi liberado. Agora, o nome dele apareceu junto com muitos outros no vazamento dos Pandora Papers. Ele é acionista de quatro empresas offshore suspeitas de serem usadas no esquema de fraude e atualmente mora em um bairro de altíssimo padrão em Dubai.
Através do Deutsche Bank, os euros obtidos no esquema fraudulento de Ahmed eram convertidos em dólares e, posteriormente, enviados a países como Afeganistão, Paquistão e Emirados Árabes Unidos. Nessas nações, o destino final dos dólares eram os grupos extremistas. Porém, não é possível afirmar que Ahmed tivesse consciência do uso do dinheiro por grupos extremistas.