A Polônia, até então um forte aliado da Ucrânia, anunciou que não fornecerá mais armas ao país vizinho devido a uma disputa comercial e diplomática relacionada à exportação de grãos por Kiev. O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki justificou a medida afirmando que a prioridade de Varsóvia é fortalecer sua própria defesa, segundo informações da rede BBC.
A decisão do governo polonês ocorre em meio a crescentes tensões entre os dois países após a proibição da importação de grãos ucranianos por Polônia, Hungria e Eslováquia. Eles argumentam que o objetivo é proteger seus agricultores, evitando um grande influxo das importações provenientes da Ucrânia.
A invasão russa bloqueou inúmeras rotas de transporte ucranianas através do Mar Negro, tornando os países vizinhos um destino preferencial. Assim, eles foram inundados pelo produto ucraniano, os preços dos grãos caíram nessas nações e os produtores locais foram afetados.
A crise foi ampliada pelos recentes comentários do presidente Volodymyr Zelensky, que classificou como “teatro político” a decisão do trio de vizinhos, em discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Varsóvia reagiu e disse que as palavras do líder ucraniano são “injustificadas em relação à Polónia, que apoiou a Ucrânia desde os primeiros dias da guerra.”
Mesmo após a fala de Zelensky, Morawiecki reforçou o compromisso de Varsóvia com a Ucrânia na luta contra a Rússia, mas deixou claro que não deseja prejudicar os mercados poloneses com as importações de grãos. Declarou, ainda, que o fornecimento de armas seria suspenso pois seu país agora está focado em “equipar seu próprio exército com armas mais modernas”
A Polônia transferiu cerca de um terço de seu material bélico para a Ucrânia e está atualizando seu arsenal com equipamentos do Ocidente. As exportações de armas para o país invadido não serão interrompidas completamente, já que a empresa polonesa PGZ planeja enviar cerca de 60 peças de artilharia Krab nos próximos meses.
O governo polonês esclareceu que serão mantidas apenas as entregas previamente acordadas de munições e armamentos, conforme contratos estabelecidos com a Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu que todos mantenham a calma na disputa que envolve Kiev e três de seus vizinhos. O porta-voz da pasta, Oleg Nikolenko, buscou o apaziguamento: “Solicitamos aos nossos amigos poloneses que deixem de lado as emoções. A Ucrânia está oferecendo à Polônia uma abordagem construtiva para resolver a questão das importações de cereais.”