Post de Zelensky irritou os EUA, que chegaram a reconsiderar convite para Kiev entrar na Otan

Presidente da Ucrânia usou o Twitter para expor a insatisfação com a falta de um prazo claro para seu país ingressar na aliança

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez duras crítica à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) através do Twitter na terça-feira (11), afirmando que o lento processo de adesão de Kiev à aliança dá à Rússia uma “motivação para continuar suas ações de terror”. E o disparo quase saiu pela culatra, pois irritou os Estados Unidos a ponto de Washington reconsiderar o convite, segundo o jornal Independent.

Em sua postagem, o líder cobrou respeito à Ucrânia, destacando que decisões “vagas” estão sendo tomadas sobre as pré-condições para a possível adesão ucraniana à aliança, sem envolver ativamente Kiev nesse processo.

A clara frustração demonstrada por Zelensky em relação à demora da Otan em tomar decisões aparentemente irritou as autoridades norte-americanas, que então passaram a considerar a possibilidade de retirar o convite feito ao país invadido para se juntar à aliança.

O líder ucraniano, Volodymyr Zelensky (Foto: Governo da Ucrânia/Divulgação)

Durante meses, Zelensky fez apelos aos líderes da Otan, buscando o apoio para a entrada da Ucrânia na aliança enquanto enfrenta a agressão russa. No entanto, os Estados-Membros têm sido cautelosos, no intuito de evitar um confronto direto com Moscou com a guerra em andamento.

A frustração do presidente ucraniano atingiu um ponto crítico quando os países da Otan optaram por não fornecer um cronograma claro para a adesão, durante a cúpula desta semana em Vilnius, na Lituânia. Como resultado, ele adotou uma abordagem mais agressiva.

“Parece que não há disposição nem para convidar a Ucrânia para a Otan nem para torná-la membro da aliança. Isso significa que uma janela de oportunidade está sendo deixada para negociar a adesão da Ucrânia à Otan nas negociações com a Rússia. E para a Rússia, isso significa motivação para continuar seu terror”, disse ele no Twitter. “Incerteza é fraqueza. E vou discutir isso abertamente na cúpula.”

Após a postagem, embaixadores, ministros e outros altos formuladores de políticas realizaram discussões informais sobre como a Otan deveria reagir diante da situação. Autoridades americanas levantaram a possibilidade de revisar ou retirar do texto a passagem que Zelensky havia criticado com veemência, mas optaram por contornar o problema.

“Estaremos em posição de estender um convite à Ucrânia para se juntar à aliança quando os aliados concordarem e as condições forem cumpridas”, disseram autoridades europeias envolvidas nas negociações.

Apesar do contratempo, ao final da cúpula da Otan, na quarta-feira (12), Zelensky aceitou a decisão, descrevendo-a como uma “vitória significativa em termos de segurança”. No entanto, reiterou que a sua preferência ainda é receber um convite para ingressar no bloco militar.

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