O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou nesta segunda-feira (2) um ambicioso plano para colocar o Reino Unido em “prontidão para combate”, com uma série de medidas que incluem a construção de fábricas de munições, modernização das Forças Armadas e reforço da aliança com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As declarações foram feitas durante um discurso na Escócia, como parte da apresentação oficial da nova revisão de gastos com defesa, segundo relato da rede BBC.
Entre as metas anunciadas estão a construção de ao menos seis fábricas de munições em território britânico, alterações na Marinha Real para torná-la uma força híbrida, combinando drones com navios de guerra, submarinos e aviões, e a entrega de até 12 submarinos de ataque como parte do pacto AUKUS, parceria entre Reino Unido, EUA e Austrália.
Starmer afirmou que colocar o Reino Unido em “prontidão para combate” é a forma mais eficaz de dissuadir agressores. Segundo ele, essa meta será alcançada por meio de aumentos salariais, fortalecimento da reserva militar e treinamento especializado.

O governo britânico também prevê investir 15 bilhões de libras no chamado “programa de ogivas soberanas”, voltado ao desenvolvimento e manutenção de armamento nuclear. Há ainda a promessa de melhorar as condições de moradia e o equipamento dos militares.
Durante o discurso, o premiê britânico foi questionado se os planos serão de fato concretizados, no que ele respondeu: “100%”. O premiê ainda justificou a confiança afirmando que a revisão orçamentária já foi desenhada considerando o gasto de 2,5% do PIB (produto interno bruto) com defesa, meta prevista para ser atingida até 2027 e que acompanha as determinações da Otan.
Em meio às promessas militares, o primeiro-ministro também foi pressionado sobre possíveis cortes em outras áreas, como o orçamento de ajuda humanitária internacional. Em 2023, o governo anunciou que reduziria os gastos com ajuda externa de 0,5% para 0,3% do PIB até 2027, como forma de compensar o aumento na defesa. “Foi uma decisão difícil”, disse Starmer. “A melhor forma de viabilizar qualquer aumento de gasto público é fazer a economia crescer.”
Ainda durante o evento, o líder britânico comentou brevemente sobre a situação na Faixa de Gaza. “É intolerável e está piorando”, afirmou. Ele disse que seu governo trabalha com aliados para promover um cessar-fogo, ampliar a ajuda humanitária e buscar a libertação dos reféns.
O anúncio foi saudado pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte. “Em um momento de crescentes ameaças à nossa paz e segurança, o Reino Unido está intensificando a estratégia ‘Otan em primeiro lugar‘, que prioriza a prontidão para o combate”, disse ele. “Permitam-me também saudar particularmente o foco na capacidade industrial e no aumento da produção, que são elementos vitais da nossa dissuasão e defesa.”