Primeiro-ministro da Eslováquia é acusado pela oposição de planejar saída da UE

Robert Fico sobrevive a tentativa de moção de censura no parlamento, mas oposição acusa governo de ameaçar laços europeus

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, resistiu a uma tentativa de moção de censura na terça-feira (21), após partidos de oposição abandonarem a sessão em protesto contra a proposta de realizar parte do debate a portas fechadas. A decisão gerou novas críticas ao líder, que tem sido acusado de tentar minar o papel do país na União Europeia (UE). As informações são da rede Euronews.

Fico, que comanda o governo com maioria no parlamento, justificou que o sigilo era necessário para discutir um relatório de segurança confidencial. Michal Simecka, líder do partido Eslováquia Progressista, rebateu afirmando que o premiê está “com medo de discutir seus fracassos” e tem como objetivo tirar o país da UE.

“Vejo isso como uma ameaça existencial aos nossos interesses nacionais”, disse o opositor durante o debate, acrescentando que pretende renovar a tentativa de moção contra Fico.

Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia (Foto: WikiCommons)

As tensões escalaram após uma visita de Fico a Moscou, em dezembro, e declarações polêmicas sugerindo que a Eslováquia deveria estar preparada para possíveis rupturas dentro do bloco europeu.

“O maior partido do governo admite a saída da Eslováquia da UE como seu possível objetivo político”, afirmou Simecka, destacando temores de que o governo esteja considerando essa possibilidade como solução para crises futuras.

Fico, conhecido por seu discurso crítico à UE e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), também alertou sobre a criação de um “superestado europeu” que, segundo ele, comprometeria a soberania nacional dos países-membros. “Estamos falando de um desenvolvimento que pode acontecer muito rapidamente”, declarou o primeiro-ministro.

Além disso, a postura do governo eslovaco em relação à Ucrânia tem gerado polêmica. Fico intensificou a retórica anti-ucraniana após um impasse sobre o transporte de gás russo pela Ucrânia, sugerindo limitar o fornecimento de eletricidade e o apoio a refugiados ucranianos. Ele também sinalizou estar disposto a bloquear ações da União Europeia para ajudar Kyiv.

A visita de Fico ao presidente russo Vladimir Putin pouco antes do Natal foi um raro gesto entre líderes europeus e aumentou as críticas de que ele estaria alinhando o país com interesses de Moscou. Fico, que retornou ao poder no ano passado com uma plataforma populista, prometeu encerrar a ajuda à Ucrânia e se opôs às sanções da UE contra a Rússia.

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