Reeleito para governar a Turquia, Erdogan foi derrotado no Brasil

Erdogan obteve 59,4% dos votos internacionais, enquanto seu adversário, Kilicdaroglu, atingiu 40,6%

O presidente Recep Tayyip Erdogan triunfou na eleição presidencial da Turquia, superando no segundo turno realizado no domingo (28) o líder da oposição, o social-democrata de esquerda Kemal Kilicdaroglu. Garantiu, assim, uma terceira década no poder. As informações são da agência Al Jazeera.

Com 99,43% dos votos apurados, os resultados oficiais preliminares anunciados pelo Conselho Eleitoral Supremo da Turquia (YSK) revelaram a vitória de Erdogan, que obteve 52,14% dos votos, enquanto Kilicdaroglu recebeu 47,86%.

Dirigindo-se a uma multidão de milhares de apoiadores do lado de fora do complexo presidencial em Ancara, Erdogan afirmou que era o momento de “deixar de lado todos os debates e conflitos relacionados ao período eleitoral e unirmo-nos em torno de nossos objetivos e aspirações nacionais”.

Erdogan está no poder há 20 anos e foi reeleito por mais 5 (Foto: Türkiye Government/Reprodução Twitter)

Erdogan triunfou em 52 das 81 províncias do país, um aumento de uma em relação ao primeiro turno. Já Kilicdaroglu manteve seu desempenho do primeiro turno ao conquistar a maior cidade da Turquia, Istambul, e a capital, Ancara.

A participação dos eleitores domésticos foi de aproximadamente 85,7%, cerca de 3% menor do que no primeiro turno realizado em 14 de maio.

No segundo turno, que ocorreu entre 20 e 24 de maio, mais de 1,7 milhão de turcos elegíveis, dentre os 3,4 milhões que vivem no exterior, exerceram seu direito de voto.

A maioria dos votos internacionais recebidos por Erdogan provém de cidadãos que residem em países europeus, como Alemanha, França e Holanda, além de regiões do Oriente Médio e Norte da África.

Na Alemanha, que conta com 1,5 milhão de eleitores aptos, Erdogan conquistou aproximadamente 67% dos votos.

Kilicdaroglu teve um desempenho notável em várias regiões da Europa e América do Norte, onde obteve mais de 80% dos votos nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, assim como em diversas áreas do sul e leste da Europa.

No Brasil, Erdogan também foi derrotado. Ele obteve apenas 47 votos válidos (25,41%), enquanto Kiliçdaroglu recebeu 138 votos (74,59%) entre os eleitores que participaram da eleição no país. Ao todo, 185 eleitores turcos votaram no Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou neste domingo seu homólogo turco Tayyip Erdogan por sua reeleição, desejando-lhe um “bom mandato com muito trabalho” para o povo turco.

Em sua conta no Twitter, Lula escreveu que Erdogan pode “contar com a parceria do Brasil na cooperação global para a paz, no combate à pobreza e para o desenvolvimento do mundo”.

Erdogan enfatizou que o combate à inflação e a recuperação das áreas afetadas por um terremoto catastrófico em 6 de fevereiro são algumas das principais prioridades de seu governo. O terremoto causou devastação tanto na Turquia quanto na vizinha Síria, resultando na perda trágica de mais de 50 mil vidas.

Erdogan está no poder na Turquia desde 2003, quando foi eleito como o 25º primeiro-ministro, ocupando esse cargo até 2014. Em seguida, em 2014, ele foi eleito o 12º presidente do país, cargo que ainda ocupa atualmente. Ele é o líder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), sigla de mote islâmico-conservador. Desde que Erdogan assumiu o poder, houve várias mudanças significativas na Turquia, tanto políticas quanto sociais.

Opositor destaca “vontade de mudança”

Durante um discurso na sede de seu partido em Ancara, Kilicdaroglu reconheceu o resultado das urnas e afirmou que continuará lutando até que a Turquia alcance uma “democracia real”, segundo detalhou a rede CNN.

Ele destacou que o período eleitoral atual foi o mais injusto da história do país e ressaltou a determinação de não se curvar ao clima de medo. Kilicdaroglu enfatizou que a vontade do povo em mudar um governo autoritário ficou clara nesta eleição, apesar de todas as pressões enfrentadas.

“Este foi o período eleitoral mais injusto da nossa história. Não nos curvamos ao clima de medo”, disse. “Nesta eleição, ficou clara a vontade do povo de mudar um governo autoritário, apesar de todas as pressões.”

Kilicdaroglu acrescentou que “o que realmente me deixa triste são os dias difíceis que virão para o nosso país”.

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