Derrota de nome pró-Kremlin não diminuirá influência russa na Moldávia

Para especialistas, Moscou irá tentar trabalhar com nova presidente, que manifestou interesse em aproximar-se da UE

A influência da Rússia na ex-república soviética da Moldávia não está em risco mesmo com a derrota do atual presidente, Igor Dodon, para Maia Sandu, nas eleições do domingo (15), dizem especialistas.

De acordo com o diretor do think tank Carnegie Moscow Center, Dmitry Trenin, Sandu representa uma renovação em relação a Dodon, mas a mudança no país não deve ser expressiva.

“É sobretudo por conta das prerrogativas limitadas do cargo”, disse Trenin à Radio Free Liberty. “As transformações podem ser mais profunda apenas se [a eleição de Sandu] for seguida por uma mudança semelhante nas eleições parlamentaress”.

Mas nem todos veem assim. O presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado da Rússia, Konstantin Kosachyov, vê Sandu com desconfiança – sobretudo por seu interesse na aproximação com a União Europeia.

Derrota de candidato do Kremlin não deve cessar influência da Rússia na Moldávia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em encontro com o chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro, em Moscou, setembro de 2019 (Foto: Kremlin)

“Sérias mudanças aguardam a Moldávia, em especial em termos de política externa”, disse. Para Kosachyov, qualquer esforço para evitar a Rússia está fadado ao fracasso.

O Kremlin, por sua vez, já estabeleceu relações com a nova presidente. Logo após a vitória de Sandu, Vladimir Putin parabenizou a ex-economista do Banco Mundial e afirmou que a Rússia “funcionará” com qualquer chefe de Estado à frente da Moldávia.

“Espero que sua atividade como presidente fomente o desenvolvimento construtivo das relações entre nossos países”, escreveu Putin.

A retórica só comprova o “pragmatismo de Putin”, como afirmou o historiador especialista em Guerra Fria, Sergey Radchenko, da Universidade Cardiff, no País de Gales. “Não importa a cor do gato, desde que atenda aos interesses de Moscou“, disse ele.

Putin condena ‘pressão externa’

Ao mesmo tempo, Putin condena as “tentativas de pressão externa” sobre as ex-repúblicas soviéticas, além da Moldávia, em Belarus e Quirguistão.

“Após a eleição, nossos amigos bielorrussos estão enfrentando uma pressão sem precedentes. O povo de Belarus deve resolver seus problemas sozinho, sem a interferência de ninguém”, disse o presidente russo.

Putin refere-se à série de protestos e sanções externas impostas a Minsk desde a sexta reeleição de Alexsander Lukashenko, no início de agosto.

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