Rússia culpa Kiev e acusa de terrorismo suspeita de ataque que matou blogueiro

Autoridades descreveram o atentado como “ato de terrorismo” e culparam as agências de inteligência ucranianas por orquestrá-lo

As autoridades russas acusaram formalmente na terça-feira (4) Darya Trepova pelo assassinato de Vladlen Tatarsky, um influente blogueiro militar pró-guerra morto durante um atentado a bomba no domingo (2) em um café na cidade de São Petersburgo. As informações são da rede CNN.

De acordo com uma declaração judicial, Darya, de 26 anos, foi indiciada dentro do código penal por “ato terrorista cometido por um grupo organizado que resultou na imposição deliberada da morte de uma pessoa” e “porte ilegal de artefatos explosivos por um grupo organizado”.

O Comitê de Investigação da Rússia havia confirmado na segunda-feira (3) a detenção de Darya, que foi indiciada no dia seguinte. Ela é descrita pela imprensa internacional como crítica da invasão à Ucrânia e já tinha sido detida por participação em protestos contra a guerra.

Darya Trepova já havia ficado sob custódia das autoridades russa após protestos contra a guerra na Ucrânia (Foto: Facebook/Reprodução)

Tatarski, que representava uma ala radical de blogueiros que apoiam o conflito na Ucrânia, mas também criticam o que entendem como falhas do exército russo, participava de um evento de um grupo pró-guerra chamado Cyber ​​Front Z quando recebeu uma estatueta de presente que continha o artefato explosivo no interior.

A investigação sustenta que Darya, agindo sob ordens de Kiev, foi a responsável por levar uma “estatueta cheia de explosivos” para o local e a entregar a Tatarsky. Pelo menos 32 pessoas ficaram feridas na explosão, com dez em estado grave, segundo informou a agência estatal de notícias Ria Novosti, citando o Ministério da Saúde da Rússia.

O Comitê Nacional Antiterrorista, que coordena as operações de contraterrorismo, disse que o atentado foi “planejado pelos serviços especiais ucranianos”. O órgão acrescentou que Darya era uma “apoiadora ativa” do proeminente líder da oposição russa preso Alexei Navalny.

Em uma audiência a portas fechadas na terça-feira, um tribunal em Moscou ordenou que Darya permanecesse sob custódia até o dia 2 de junho, enquanto aguarda a conclusão do trabalho de investigação.

A lei russa sugere prisão perpétua para crimes relacionados ao terrorismo. Porém, esse tipo de pena não é aplicada às mulheres, que enfrentam sentenças máximas que não ultrapassam 20 anos de prisão.

A explosão que matou Tatarsky marcou o segundo atentado contra uma figura pró-guerra em solo russo desde o início da invasão à Ucrânia. Em setembro passado, a Rússia responsabilizou os serviços especiais da Ucrânia pela morte de Darya Dugina, filha do filósofo ultranacionalista russo Alexander Dugin, um aliado do presidente Vladimir Putin. A jornalista, de 29 anos, morreu após seu carro explodir nos arredores de Moscou. 

Tags: