Rússia deteve centenas de civis e executou 77 na guerra da Ucrânia, segundo a ONU

Relatório baseado em 70 visitas e mais de mil entrevistas revela alguns dos abusos das tropas russas contra a população ucraniana

Nesta terça-feira (27), uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas) na Ucrânia informou que a Rússia deteve mais de 800 civis desde que a guerra começou em fevereiro de 2022, resultando em 77 execuções. O relatório também revelou que Kiev igualmente violou o direito internacional ao cometer detenções arbitrárias de civis, porém, em escala consideravelmente menor. As informações são da agência Reuters.

O escritório de direitos humanos da ONU identificou padrões de conduta que incluem detenções arbitrárias e outras violações de direitos humanos, como tortura, maus-tratos e desaparecimentos forçados. Essas detenções por Moscou ocorreram tanto no país invadido quanto no território russo.

O relatório, composto por 36 páginas, foi resultado de 70 visitas a centros de detenção, sendo sustentado por mais de mil entrevistas.

Sepultura em Bucha após a ocupação russa (Foto: WikiCommons)

Durante uma coletiva de imprensa realizada via link de vídeo na cidade ucraniana de Uzhhorod, Matilda Bogner, chefe da missão de monitoramento de direitos da ONU na Ucrânia, afirmou que mais de 900 casos de detenção arbitrária de civis, “incluindo crianças e idosos, foram documentados”.

Bogner enfatizou que a grande maioria dessas detenções foi perpetrada por Moscou e ressaltou que as execuções realizadas pelas forças russas constituíram um crime de guerra. Não foram registradas execuções semelhantes no lado ucraniano.

Segundo o relatório, o escritório de direitos humanos da ONU foi capaz de documentar em detalhes 178 dos 864 civis detidos pela Rússia. Dessas detenções, mais de 90% envolveram casos de tortura, incluindo incidentes de afogamento simulado, eletrocussão e uso de uma técnica conhecida como “caixa quente”, em que os detidos são mantidos isolados em uma caixa com temperaturas elevadas.

De acordo com a ONU, foram registrados 75 casos de detenção de civis pelas forças ucranianas. A organização ressaltou que as mudanças nos códigos criminais da Ucrânia permitiram que Kiev tivesse maior liberdade para realizar tais detenções. Mais da metade desses casos também envolveu relatos de tortura ou maus-tratos.

O relatório mencionou que a Ucrânia concedeu acesso total aos investigadores da ONU, exceto em um incidente específico. Por outro lado, a Rússia não permitiu nenhum acesso aos detidos, apesar dos repetidos pedidos feitos pela organização.

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