Cinco dos maiores ataques aéreos da Rússia contra a Ucrânia desde o início da guerra ocorreram nos últimos dez dias, segundo levantamento da rede CNN. O fato de os bombardeios terem se intensificado conforme avançam as negociações de paz lideradas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, faz parte de uma estratégia do Kremlin. Segundo analistas do Instituto para o Estudo da Guerra, o objetivo é pressionar o Ocidente a recuar no apoio a Kiev e forçar um acordo que favoreça Moscou.
A nova fase da ofensiva russa, baseada no uso massivo de drones fabricados com tecnologia iraniana, visa criar a sensação de que a vitória russa é inevitável. A ideia, segundo os analistas, é desmoralizar Kiev e convencer os aliados ocidentais de que insistir no apoio à Ucrânia é inútil, sobretudo num momento em que os Estados Unidos reassumem protagonismo nas tratativas de cessar-fogo.

Trump tem oscilado entre ameaçar Moscou com novas sanções e criticar duramente Kiev. Após um dos recentes ataques, afirmou nas redes sociais que o presidente russo Vladimir Putin havia “enlouquecido completamente”. Mais tarde, entretanto, ao falar com jornalistas, declarou que não gostava da postura do o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e que “tudo o que sai da sua boca causa problemas”. E concluiu: “Eu não gosto disso, e é melhor parar”.
Durante uma reunião na Casa Branca em fevereiro, Trump pressionou Zelensky a negociar diretamente com Putin, dizendo que o ucraniano “não tinha cartas”. Dias depois, os Estados Unidos suspenderam temporariamente os envios de ajuda militar a Kiev, um movimento interpretado pelo Kremlin como sinal de enfraquecimento do apoio internacional e que ajuda a explicar o aumento dos ataques recentes.
Enquanto evita recusar frontalmente as propostas americanas, Putin tem feito novas exigências e culpado Kiev pelo impasse nas negociações. Segundo os analistas, o objetivo é parecer aberto ao diálogo e, ao mesmo tempo, ampliar o desgaste político e militar do governo ucraniano.
Os impactos da estratégia russa têm sido devastadores. Em abril, 209 civis morreram em bombardeios, o mês mais letal desde setembro de 2024, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Entre as vítimas, três irmãos, todos menores de idade, foram mortos em Korostyshiv, cidade da região central da Ucrânia. “O objetivo da Rússia é medo e morte”, afirmou o ministro do Interior ucraniano, Ihor Klymenko.