Rússia mobiliza mísseis balísticos com capacidade nuclear ao realizar exercícios militares

Liderança do Kremlin autoriza movimentação do Yars, um dos mais poderosos mísseis intercontinentais, durante manobra na Sibéria

A Rússia colocou em movimento lançadores autônomos do míssil intercontinental RS-24 Yars, capaz de transportar ogivas nucleares, durante treinamentos militares realizados em 19 de fevereiro. A informação foi divulgada pelo Ministério da Defesa russo em seu canal oficial no Telegram e reproduzida pela revista Newsweek.

A mobilização ocorre em um momento de crescente tensão entre Moscou e o Ocidente, com impacto direto na guerra na Ucrânia. O armamento nuclear utilizado nos exercícios tem alcance estimado entre 11 mil e 12 mil quilômetros e pode transportar até quatro ogivas com capacidade destrutiva de 500 quilotons cada. Ele pode ser lançado a partir de silos subterrâneos ou transportado em caminhões especiais.

Míssil russo com capacidade nuclear (Foto: reprodução/Facebook)

Durante os treinamentos, os lançadores percorreram distâncias de até cem quilômetros em regiões remotas da Sibéria, onde as equipes praticaram estratégias para aumentar a discrição dos equipamentos e evitar sua detecção por satélites inimigos. Segundo o Ministério da Defesa russo, os militares também executaram simulações de dispersão e troca de posições para dificultar ataques preventivos contra suas forças nucleares.

Essa não é a primeira vez que a Rússia mobiliza o Yars para treinamentos. Em anos anteriores, o míssil foi posicionado em silos na base de Kozelsk, na região de Kaluga, e participou de manobras semelhantes, sempre como forma de demonstração de força diante do Ocidente. O armamento é uma versão avançada do Topol-M, um dos pilares do arsenal nuclear estratégico russo.

A movimentação ocorre poucos dias depois de uma nova rodada de negociações diplomáticas entre a Rússia e os EUA sobre a guerra na Ucrânia. No entanto, a decisão do Kremlin de realizar manobras militares com armamento nuclear pode comprometer os esforços para evitar uma escalada do conflito.

Até o momento, o Ministério da Defesa da Ucrânia não se pronunciou sobre a movimentação dos mísseis russos. A posição do governo ucraniano é especialmente delicada, já que, em 1994, o país abriu mão de seu arsenal nuclear em troca de garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos, Reino Unido e Rússia no Memorando de Budapeste.

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