A Rússia colocou em movimento lançadores autônomos do míssil intercontinental RS-24 Yars, capaz de transportar ogivas nucleares, durante treinamentos militares realizados em 19 de fevereiro. A informação foi divulgada pelo Ministério da Defesa russo em seu canal oficial no Telegram e reproduzida pela revista Newsweek.
A mobilização ocorre em um momento de crescente tensão entre Moscou e o Ocidente, com impacto direto na guerra na Ucrânia. O armamento nuclear utilizado nos exercícios tem alcance estimado entre 11 mil e 12 mil quilômetros e pode transportar até quatro ogivas com capacidade destrutiva de 500 quilotons cada. Ele pode ser lançado a partir de silos subterrâneos ou transportado em caminhões especiais.

Durante os treinamentos, os lançadores percorreram distâncias de até cem quilômetros em regiões remotas da Sibéria, onde as equipes praticaram estratégias para aumentar a discrição dos equipamentos e evitar sua detecção por satélites inimigos. Segundo o Ministério da Defesa russo, os militares também executaram simulações de dispersão e troca de posições para dificultar ataques preventivos contra suas forças nucleares.
Essa não é a primeira vez que a Rússia mobiliza o Yars para treinamentos. Em anos anteriores, o míssil foi posicionado em silos na base de Kozelsk, na região de Kaluga, e participou de manobras semelhantes, sempre como forma de demonstração de força diante do Ocidente. O armamento é uma versão avançada do Topol-M, um dos pilares do arsenal nuclear estratégico russo.
A movimentação ocorre poucos dias depois de uma nova rodada de negociações diplomáticas entre a Rússia e os EUA sobre a guerra na Ucrânia. No entanto, a decisão do Kremlin de realizar manobras militares com armamento nuclear pode comprometer os esforços para evitar uma escalada do conflito.
Até o momento, o Ministério da Defesa da Ucrânia não se pronunciou sobre a movimentação dos mísseis russos. A posição do governo ucraniano é especialmente delicada, já que, em 1994, o país abriu mão de seu arsenal nuclear em troca de garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos, Reino Unido e Rússia no Memorando de Budapeste.