Rússia ordena fiscalização de celulares em região ocupada e proíbe conteúdo pró-Kiev

Gestor nomeado por Moscou em Zaporizhzhya promete multar e processar aqueles que desrespeitem a censura

O governo pró-Moscou da região ucraniana de Zaporizhzhya, anexada pela Rússia em setembro, determinou que todos os cidadãos locais devem se submeter a um processo de fiscalização de seus telefones celulares pelas autoridades locais, caso solicitado. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

“A partir de hoje, na região de Zaporizhzhya, os agentes da lei iniciaram uma verificação seletiva preventiva dos telefones celulares dos cidadãos”, disse o gestor nomeado por Moscou, Vladimir Rogov.

Privacidade nos celulares está comprometida na Ucrânia ocupada (Foto: Luis Villasmil/Unplash)

Segundo ele, as pessoas que tiverem feito cadastro para receber conteúdo “de propaganda do regime terrorista de Kiev” receberão uma advertência. Em caso de reincidência, serão multadas.

Além da promessa de multa, está prevista, nas palavras de Rogov, a “responsabilidade criminal” em casos de “violações maliciosas de uma lei sobre as atividades de um agente estrangeiro”.

Lei marcial

A nova determinação está inserida na lei marcial decretada pelo presidente russo Vladimir Putin nas quatro regiões anexadas pela Rússia: Kherson, Zaporizhzhya, Donetsk e Luhansk. Entretanto, ao menos em um primeiro momento, as outras três não serão submetidas a tal imposição.

As quatro regiões criam um corredor terrestre crucial entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Juntos, esse cinco territórios correspondem a aproximadamente 20% de toda a Ucrânia.

Moscou justifica a anexação com base em um “referendo” realizado nas regiões, cujos cidadãos teriam “votado” para manifestar sua opinião sobre se juntar ou não à Federação Russa. O processo de votação foi classificado internacionalmente como ilegal e esteve repleto de irregularidades. Foi manipulado por Moscou para dar um ar de legitimidade à anexação. Entre outros abusos, há denúncias de que cidadãos foram forçados a preencher as cédulas sob a mira de armas russas.

Tags: