Rússia projeta a realização de exercícios de preparação para um conflito nuclear

Autoridades russas planejam conduzir os exercícios em larga escala no dia 3 de outubro, segundo um fonte ligada ao Kremlin

Segundo relatório divulgado por um canal de informação ligado ao Kremlin, a Rússia está se preparando para realizar exercícios de defesa em todo o país no início do próximo mês. Os treinamentos ocorrerão devido à preocupação de Moscou com a possibilidade de conflitos armados envolvendo nações com capacidade nuclear próximas às suas fronteiras. As informações são da revista Newsweek.

Autoridades russas planejam conduzir esses exercícios em larga escala no dia 3 de outubro. No Telegram, o canal Baza, associado aos serviços de segurança russos, divulgou essa informação na quinta-feira (28), citando o chefe do Serviço Federal de Vigilância da Proteção dos Direitos do Consumidor e do Bem-Estar Humano da Rússia, conhecido como Rospotrebnadzor.

Essa será a primeira vez que Moscou realiza tais exercícios, que simularão uma situação de lei marcial parcial no país, com até 70% das instalações habitacionais destruídas. Além disso, as manobras considerarão uma possível ameaça de contaminação radioativa.

Veículo blindado russo com sistema autônomo de lançamento de mísseis balísticos em foto de 2016 (Foto: WikiCommons)

De acordo com o relatório, uma ampla gama de figuras do governo, desde líderes da defesa civil até chefes de empresas estatais, participará dos exercícios. No entanto, é importante observar que as regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, que foram anexadas pela Rússia em setembro de 2022, estão isentas desses exercícios, como mencionado pelo Baza.

O canal também destacou que exercícios semelhantes, porém em menor escala, já foram realizados em diversas regiões russas.

Moscou tem usado seu arsenal nuclear, o maior do mundo, para ameaçar o Ocidente, que fornece armas e treinamento às tropas de Kiev em meio ao conflito. O governo russo chegou a firmar um acordo para posicionar armas nucleares estratégicas em Belarus, mais perto da fronteira com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Autoridades locais, entre elas o ex-presidente Dmitry Medvedev, e comentaristas da televisão estatal russa têm frequentemente discutido a possibilidade de um conflito nuclear. Alguns apresentadores e convidados da mídia estatal sugeriram que Moscou deveria considerar a hipótese de lançar ataques nucleares contra países como Estados Unidos e Reino Unido, que apoiam os esforços de guerra em Kiev.

Muitos analistas ocidentais mantêm uma confiança razoável de que a Rússia não recorreria a armas nucleares em caso de uma derrota militar na Ucrânia. Caso do secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, que logo no primeiro mês de guerra classificou as ameaças russas como mera “batalha retórica”.

Entretanto, o tenente-general aposentado Ben Hodges, que no passado liderou as forças do exército dos EUA na Europa, destacou sua apreensão recentemente, em uma entrevista à Newsweek.

“A Rússia tem ameaçado o uso de armas nucleares desde o início. Levo essas ameaças a sério, pois a Rússia possui um grande arsenal nuclear e demonstrou não se preocupar com o número de vidas inocentes em risco”, disse o militar

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