Rússia responde a veto e proíbe que dezenas de veículos de imprensa europeus atuem no país

Proibição anunciada pelo governo russo atinge meios de comunicação de 25 países, mais quatro com alcance continental

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou na terça-feira (25) que 81 veículos de imprensa de diversos países europeus estão proibidos de atuar dentro do território russo. A medida surge como uma resposta a ato semelhante do Conselho Europeu, que no mês passado bloqueou as transmissões de quatro emissoras do país.

A decisão do Conselho Europeu, anunciada em 17 de maio, atingiu as redes Voice of Europe, RIA Novosti, Izvestia e Rossiyskaya Gazeta. Já a medida imposta por Moscou é mais ampla, atingindo veículos de imprensa de 25 países e outros quatro com alcance continental.

Putin sob as lentes jornalísticas: mídia europeia vetada na Rússia (Foto: Pxhere/Divulgação)

“Estão sendo introduzidas contramedidas que limitam o acesso a recursos de transmissão na Federação Russa para veículos de comunicação dos Estados-Membros da UE (União Europeia) e operadores de mídia da UE que sistematicamente espalham informações falsas sobre a operação militar especial”, diz o Ministério, citando relatos referentes à guerra da Ucrânia.

A medida imposta pelo Kremlin atinge alguns grandes veículos europeus, como a emissora RAI e o jornal La Repubblica, da Itália; o jornal El País e a emissora RTVE, da Espanha; a revista Der Piegel, da Alemanha; a emissora RTP, de Portugal; o jornal Le Monde e a agência France Press, da França.

O comunicado conclui que “a parte russa irá rever a sua decisão relativa aos operadores de comunicação social mencionados se as restrições contra os meios de comunicação social russos forem levantadas.”

Por sua vez, a decisão do Conselho Europeu diz se basear no fato de que os meios de comunicação atingidos “estão sob o controle permanente, direto ou indireto, da liderança da Federação Russa e têm sido essenciais e instrumentais para levar adiante e apoiar a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e para a desestabilização dos seus países vizinhos.”

De acordo com o órgão, Moscou usa os veículos de mídia estatais para manipular a informação e distorcer os fatos, a fim de justificar a agressão à Ucrânia e desestabilizar também os países europeus. Na Europa, tais campanhas são especialmente desenvolvidas em período eleitoral.

Briga antiga

Ações recíprocas contra veículos de mídia, por parte da Rússia e dos países europeus, têm ocorrido desde antes do início da guerra. Em fevereiro de 2022, pouco antes da invasão, a Rússia chegou a fechar as portas da sucursal da rede alemã Deutsche Welle (DW), proibindo programas e anulando credenciais de seus funcionários. A ação foi uma represália pela proibição decretada por Berlim de transmitir a RT DE, emissora estatal russa de língua alemã.

Meses depois, em julho, a proibição atingiu as transmissões da RT France, emissora estatal russa de língua francesa. Moscou recorreu ao Tribunal de Justiça Europeu, em Luxemburgo, para reverter o veto, mas não obteve sucesso. Então, Putin ameaçou barrar o trabalho de toda a imprensa ocidental, uma medida que na prática já estava e continua em vigor, dada a repressão imposta à imprensa livre na Rússia.

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