Soldados russos são executados por sentirem medo, diz prisioneiro de guerra

Vladislav Izmailov diz ter testemunhado a morte de dois companheiros de sua unidade após eles hesitarem diante do inimigo

Após ser capturado por forças ucranianas, um soldado russo revelou ter testemunhado a execução de seus companheiros de tropa. A justificativa: eles demonstraram medo no front na Ucrânia. As informações são da revista Newsweek.

Vladislav Izmailov disse que viu dois soldados de sua unidade serem mortos após hesitarem diante do inimigo durante uma batalha. E detalhou como isso teria acontecido.

“No primeiro ataque, eu era do segundo grupo. A equipe de evacuação estava à minha frente. Havia duas pessoas lá que estavam com medo. Era a primeira vez deles na guerra. E então esses dois foram ‘anulados’ na base”, disse ele. “Foram simplesmente baleados e enterrados”.

Soldados do exército russo em treinamento (Foto: eng.mil.ru)

A declaração viralizou em canais ucranianos do Telegram. Mais tarde, a agência de notícias russa independente Nestka identificou o indivíduo como um ex-presidiário de 26 anos, que ingressou no conflito através da campanha russa de recrutamento de criminosos condenados

Izmailov contou que foi recrutado pela organização paramilitar Wagner Group para aumentar o efetivo no país invadido. Ele assinou um contrato de seis meses em troca de liberdade e isenção de punição criminal, como também fizeram 300 detentos na prisão em que ele cumpria pena.

Caso anterior

No começo do mês, Viktor Sevalnev, também recrutado na prisão pelo Wagner Group, morreu após a deserção em massa da unidade que liderava em território ucraniano. A suspeita é de execução. Ele serviu como comandante da 7ª Companhia de Fuzileiros Motorizados da “milícia do povo”, na região ocupada de Luhansk. Antes de morrer, o ex-presidiário havia revelado que foi ameaçado de execução após a debandada dos soldados que estavam sob seu comando.

Segundo repercutiu o jornal independente The Moscow Times, até agora, pelo menos 40 prisioneiros russos recrutados pelo Wagner Group foram executados pelos mercenários, de acordo com Olga Romanova, chefe da organização Russia Behind Bars, com sede em Moscou, que luta pelos direitos dos prisioneiros na Rússia.

“Maníacos”

“Existem maníacos que gostam de matar”. A declaração foi dada à rede CNN pelo ex-soldado russo Nikita Chibrin, que diz ter servido na 64ª Brigada Independente de Fuzileiros Motorizados, acusada por Kiev de participar da matança de civis na cidade de Bucha. Ele desertou do exército russo em setembro e fugiu para a Europa Ocidental via Belarus e Cazaquistão.

Violência sexual também está presente. Chibrin lembrou de um episódio em que viu dois colegas fugindo após supostamente terem estuprado duas ucranianas durante sua missão em março.

“Eu os vi correr, então descobri que eram estupradores. Eles estupraram uma mãe e uma filha”, disse ele. Os supostos estupradores foram espancados, acrescentou, mas nunca totalmente punidos por seus crimes, os quais os comandantes não deram importância.

A unidade de Chibrin inclusive recebeu do presidente Vladimir Putin o título honorário de “Guardas” pelo “heroísmo e coragem pela força e méritos demonstrados pela brigada em combate para defender a Pátria e os interesses do Estado em condições de conflito armado”.

Sobre a brigada que fazia parte, Chibrin conta que ela tinha um “comando direto para assassinar” qualquer pessoa que compartilhasse informações sobre as posições da unidade, sejam militares ou civis.

“Existem maníacos que gostam de matar um homem. Esses maníacos apareceram lá ”, disse ele.

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