Suécia eleva ao segundo nível mais alto seu alerta para ataques terroristas

País escandinavo vê a ameaça crescer após episódios de queima do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, por manifestantes locais

As previsões pessimistas de alguns governos ocidentais já começaram a se confirmar. Na quinta-feira (17), a Suécia elevou ao segundo nível mais alto seu alerta nacional para o risco de ataques terroristas no país, situação impulsionada pelos recentes protestos que incluíram a queima do Alcorão, o livro dos muçulmanos. As informações são da agência Reuters.

“A decisão de elevar o nível não é motivada por um único evento, mas sabemos que o Hezbollah, o Al-Shabaab e a Al-Qaeda apelaram aos seus apoiadores para que realizem atos contra a Suécia”, disse em coletiva de imprensa Charlotte von Essen, chefe do Serviço de Segurança Sueco (SAPO, na sigla em sueco).

Inclusive, o governo diz que já agiu para reprimir ações terroristas, com informações do primeiro-ministro Ulf Kristersson de que algumas pessoas foram presas sob a acusação de planejarem atentados.

“Entendo que muitos suecos se sintam preocupados, mas devemos viver nossas vidas como de costume, devemos defender nossas vidas e nosso modo de vida”, disse o chefe de governo, sem oferecer maiores detalhes sobre as ocorrências.

Polícia de Estocolmo durante ataque terrorista em 2017 (Foto: Frankie Fouganthin/WikiCommons)

Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido já haviam alertado seus cidadãos para o risco aumentado de ataques terroristas na Suécia.

Washington fez o alerta em julho. “Grupos terroristas continuam planejando possíveis ataques na Suécia. Os terroristas podem atacar com pouco ou nenhum aviso, visando locais turísticos, centros de transporte, mercados/shoppings, instalações do governo local, hotéis, clubes, restaurantes, locais de culto, parques, grandes eventos esportivos e culturais, instituições educacionais, aeroportos e outros áreas públicas”, diz comunicado do Departamento de Estado.

Já o governo britânico lançou a advertência a seus cidadãos no domingo (13). “É muito provável que os terroristas tentem realizar ataques na Suécia”, diz o texto, que faz avaliação semelhante à dos EUA. “Os ataques podem ser indiscriminados, inclusive em locais frequentados por estrangeiros. As autoridades na Suécia interromperam com sucesso uma série de ataques planejados e fizeram várias prisões.”

Ameaça crescente

A Suécia tornou-se um alvo de especial interesse dos terroristas islâmicos devido aos protestos que têm ocorrido no país, que costuma permitir a queima do Alcorão sob o argumento da liberdade de expressão. O ato foi idealizado pelo político dinamarquês-sueco radical Rasmus Paludan, que ateou fogo no livro sagrado do Islã do lado de fora da embaixada turca em Estocolmo em janeiro.

Desde então, seguidos episódios semelhantes de profanação das escrituras sagradas foram registrados, levando a reações duras de nações muçulmanas. Incluindo um ataque à embaixada da Suécia no Iraque, que foi incendiada no mês passado.

A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), sediada na Arábia Saudita, instou seus 57 Estados-Membros a reduzirem laços com países que permitem o protesto, inclusive retirando embaixadores. E incentivou organizações da sociedade civil a iniciarem processos locais antes de recorrerem a órgãos judiciais internacionais.

Hassan Nasrallah, líder do grupo radical Hezbollah, criticou a declaração da OIC, classificada por ele como fraca. Ele incentivou a “juventude muçulmana” a agir por conta própria para resolver o problema, sem especificar como deveria fazê-lo.

Segurança aumentada

Diante desse cenário de tensão, que afeta também a Dinamarca, Estocolmo anunciou no início de agosto um reforço nos controles de fronteira e nas verificações de identidade nos pontos de acesso ao país. Uma emenda à legislação ainda confere à polícia sueca poderes ampliados para realizar verificações de identidade e revistas em veículos e pessoas nos pontos de fronteira.

O primeiro-ministro disse que o objetivo de tais medidas é evitar que pessoas com poucas ou inexistentes conexões com a Suécia cruzem as fronteiras para cometer crimes ou criar “ameaças à segurança nacional”.

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