Ucrânia ataca navio de guerra russo na Crimeia e Moscou admite danos

Uma pessoa morreu após mísseis atingirem o Novocherkassk, que segundo Kiev era utilizado para transportar drones russos

A Ucrânia lançou mísseis contra um importante navio de guerra russo na Crimeia, em um ataque noturno (horário local) realizado nesta terça-feira (26), que resultou na morte de pelo menos uma pessoa. A ofensiva, na visão de aliados ocidentais, pode dificultar qualquer tentativa russa de expandir seu território ao longo da costa do Mar Negro, já que teria destruído a embarcação, segundo informações da agência Reuters.

O Ministério da Defesa russo, conforme relatou a agência de notícias Interfax, afirmou que a Ucrânia utilizou mísseis lançados do ar para atacar o porto de Feodosia, causando danos ao navio de desembarque Novocherkassk.

O chefe da pasta, Sergei Shoigu, forneceu uma descrição detalhada do ataque ao presidente Vladimir Putin, conforme informado pelo Kremlin. A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, uma ação condenada por Kiev e pelo Ocidente como uma apreensão ilegal, permanece como pano de fundo.

O navio de desembarque da marinha russa Novocherkassk, fotografado antes da guerra na Ucrânia (Foto: WikiCommons)

Após a ofensiva, o porta-voz da Força Aérea Ucraniana, Yuriy Ihnat, disse que a embarcação estava sendo utilizada para transportar drones russos, e acrescentou que seria “difícil” para o Novocherkassk, capaz de transportar tanques e veículos blindados e também usada para desembarque de tropas em terra, retornar ao mar.

Ihnat, em entrevista à rede Radio Free Europe, descreveu a explosão como “poderosa” e a detonação como intensa. Ele salientou que, após esse evento, a sobrevivência de um navio é altamente desafiadora, pois não se trata de um simples foguete, mas da detonação de munições.

O porta-voz confirmou o uso de mísseis de cruzeiro no ataque, sem especificar o tipo, destacando que tanto o Reino Unido quanto a França forneceram as munições a Kiev.

A Rússia sugeriu a possibilidade de expandir sua presença ao longo da costa do Mar Negro em territórios ucranianos. Putin afirmou, no início deste mês, que Odessa, sede da marinha ucraniana, era “uma cidade russa”.

Imagens veiculadas nos canais de comunicação russos no Telegram, supostamente do porto, revelaram explosões impactantes e incêndios intensos.

Sergei Aksyonov, governador da Crimeia designado por Moscou, relatou uma morte, enquanto quatro pessoas ficaram feridas, de acordo com a agência de notícias RIA.

Apesar de poucos avanços da ofensiva ucraniana e de recuos militares russos, Kiev lançou ataques à Crimeia, causando danos significativos à frota russa do Mar Negro. Os alvos incluíram navios, bases aéreas, o quartel-general da frota e a ponte que conecta o sul da Rússia à Crimeia.

Durante o conflito, a Rússia usou sua frota para bloquear o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, vital para as exportações agrícolas e do setor siderúrgico, que compõem uma parte significativa da economia do país.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, ironizou no Telegram que sua força aérea ampliou a frota de submarinos russa ao danificar o navio de desembarque. “Não haverá lugar seguro para os ocupantes na Ucrânia”, disse.

Sergei Markov, ex-conselheiro do Kremlin, afirmou no Telegram que, em tempos de guerra, a Rússia não divulgaria detalhes sobre o ataque, mas enfatizou a necessidade de reforçar a defesa aérea na Crimeia. Ele destacou a importância de impedir que a Ucrânia atinja a Rússia.

Sob ataque

Devido aos frequentes ataques realizados pela Ucrânia contra a base naval da Rússia na Crimeia, a frota do Mar Negro foi parcialmente transferida para a região separatista da Abecásia, na Geórgia, que conta com o apoio de Moscou em sua reivindicação de independência.

A decisão de deslocar a frota do Mar Negro para a Abecásia surge em meio aos danos relevantes que ela sofreu devido a ataques ucranianos à base de Sebastopol, na Crimeia. Em setembro, um grande bombardeio teria atingido ao menos um navio de desembarque e um submarino, impondo assim duras perdas à Marinha.

O sucesso do recente ataque ucraniano só se compara ao afundamento do Moskva, orgulho da frota russa, que veio a pique em abril de 2022. Embora Moscou insista em dizer que ele foi destruído por um incêndio que atingiu o depósito de munições, serviços de inteligência ocidentais dizem que mísseis de cruzeiro disparados pelas forças ucranianas foram responsáveis pelo afundamento da embarcação.

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