Unitaid investe U$ 31 milhões para prevenir hepatite C em populações vulneráveis

Novo aporte financeiro da Agência de Saúde Global vai ampliar em 20% o financiamento de ações de redução de danos em 10 países

A Agência de Saúde Global (Unitaid) anunciou um investimento de US$ 31 milhões para iniciativas de redução de risco voltadas para prevenir a hepatite C. O público-alvo são pessoas que usam drogas injetáveis em países de rendas baixa e média.

O financiamento da Unitaid vai apoiar a integração da testagem e do tratamento da doença com programas de redução de danos. O anúncio foi feito durante a 27ª Conferência de Redução de Danos, em Melbourne, na Austrália.

Impacto desproporcional

Além disso, o recurso será usado para testar dois produtos de prevenção: seringas de baixo volume morto e formulações de buprenorfina de liberação lenta. O medicamento é usado para tratar a dependência a opióides.

A hepatite C é uma doença transmitida pelo sangue. Se não tratada, pode causar sérios danos no fígado e até mesmo câncer. Avanços recentes resultaram em tratamentos altamente eficazes disponíveis na maioria dos países de baixa e média rendas, onde vivem 80% das pessoas com a doença.

Um usuário de drogas injeta uma substância do tipo tranquilizante com um kit de injeção seguro fornecido por uma ONG da Tailândia (Foto: Irin/Sean Kimmons)

Segundo a Unitaid, grupos marginalizados são afetados de forma desproporcional: quatro em cada dez pessoas que injetam drogas têm infecção ativa por hepatite C. No caso de pessoas privadas de liberdade, a taxa é de um em cada quatro indivíduos. Essas populações não têm acesso a cuidados adequados.

Com o novo investimento, a agência pretende alcançar esses grupos excluídos, incluindo serviços de hepatite C em programas de redução de danos e testando tecnologias capazes de reduzir riscos associados às drogas injetáveis.

Novas tecnologias de prevenção

As seringas de baixo volume morto têm um reservatório menor onde o sangue pode permanecer após o uso. A medida limita o risco de infecções transmitidas pelo sangue quando as agulhas são compartilhadas.

As formulações de buprenorfina de liberação lenta, um medicamento que reduz o desejo e a abstinência de opioides, podem ser uma opção para muitas pessoas, especialmente aquelas que enfrentam desafios com doses diárias da formulação oral, como altos gastos diretos, assédio policial ou discriminação.

Ambos os produtos serão testados em locais no Egito, Índia, Quirguistão, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Ucrânia e Vietnã. As seringas de baixo volume morto também serão testadas na Armênia e na Geórgia. Todos os 10 países integrarão a prestação de serviços em programas de redução de danos.

Dez países envolvidos na iniciativa

O financiamento será destinado a três projetos complementares, que serão liderados pelas ONGs Frontline Aids, Médicos do Mundo e Path. As ações abarcam os 10 países e terão foco em gerar as evidências necessárias para desencadear uma expansão mais ampla do tratamento e prevenção da hepatite C.

O investimento da entidade representa um aumento de 20% no financiamento global de apoio à redução de danos nesses países.

A hepatite C está cada vez mais relegada a populações negligenciadas pelas respostas globais de saúde.

Segundo dados da Unitaid, as pessoas que injetam drogas representam apenas 10% dos 58 milhões de infectadas com hepatite C em todo o mundo. Porém o uso de drogas injetáveis ​​contribui para 43% de todas as novas infecções.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News


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