China negocia para receber mais minério de ferro do Brasil via Alcântara (MA)

Movimento é paralelo à diminuição de importações da commodity da Austrália, após conflito bilateral com Canberra

A Vale está em negociação com o Terminal Portuário de Alcântara para aumentar os embarques de minério de ferro para a China, informou nesta quarta (4) o jornal “South China Morning Post“.

O interesse na base próxima a São Luís, no Maranhão, teria surgido após a China aprovar a criação de quatro portos em sua costa, em julho.

Com 25 metros de profundidade, o porto de Alcântara é capaz de abrigar navios com cargas maiores e embarcações normais. O acesso ao local facilitaria o transporte do minério rumo à China.

No ano passado, um projeto foi apresentado para transformar o local no maior porto do Brasil. O investimento previsto era de R$ 10 bilhões.

Através de Vale, China pode receber mais minério de ferro do Brasil
Embarcação Valemax, da mineradora brasileira Vale (Foto: Vale)

Competitividade

Em junho, a China importou quantidades recordes de minério de ferro. O objetivo era atender ao aumento na demanda por produtos siderúrgicos e suprir o boom de infraestrutura e de construção no país.

À época, cerca de 60% da oferta saiu da Austrália, o que elevou os preços para US$ 110 por tonelada. É o maior nível desde agosto de 2019.

A competitividade atraiu a atenção da Vale. “É importante para a China ter fornecedores diversificados”, disse o diretor-executivo da companhia, Paulo Salvador.

“Acreditamos que seria do interesse da China ter outras opções além do minério de ferro australiano e se tornar menos dependente delas”, completou.

A China e a Austrália vivem um mau momento nas relações bilaterais. Canberra tem se aliado aos EUA e ao Reino Unido em questões como a postura crítica à conduta chinesa no início da pandemia e a lei de segurança nacional de Hong Kong.

A resposta de Beijing tem sido aumentar tarifas de importação de produtos australianos no país, como a cevada. Agora, busca novos fornecedores para commodities usadas no mercado interno, diminuindo a dependência de gigantes como Rio Tinto e BHP.

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