A pandemia do novo coronavírus bagunçou as estimativas das contas externas dos países neste ano e gerou imprevisibilidade inédita, informou nesta terça (4) o FMI (Fundo Monetário Internacional) em seu relatório anual sobre o assunto.
O motivo é a dificuldade de estimar como e quando se dará a saída da crise, já que sua solução depende da formulação bem-sucedida de uma vacina.
O que se sabe é que, com a pandemia, vieram a grave deterioração do comércio internacional, um menor espaço para financiamento externo e diminuição aguda dos preços das commodities.
As economias mais afetadas serão aquelas que têm excessiva dependência de ao menos um de três fatores. O turismo, caso do México e da Itália. As commodities, como o petróleo, cujo baixo preço derrubou a receita de países do Oriente Médio.
Por último, sofrerão nações que dependem das remessas de cidadãos que vivem no exterior. Neste caso, o baque mais forte será sentido por países já muito pobres, como os da África subsaariana e o Nepal, pequeno território entre a China e a Índia. Nas Américas, Cuba é um dos mais dependentes desses envios.
Para o FMI, algumas dessas economias devem registrar déficits em conta corrente superiores a 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto). Neste caso, será preciso promover “significativo ajuste econômico”.
Próximos passos
O problema é que apaziguar os efeitos da crise, como desemprego e queda na renda, pressupõe aumentar – mesmo que por meio de dívida – o espaço fiscal de países ricos e pobres.
Ao mesmo tempo, ressalta o documento, houve no início da crise uma forte fuga de capital de países emergentes e pobres. O movimento gerou desvalorização das moedas locais e menor espaço para uma resposta efetiva à pandemia.
Também é difícil prever como se comportará o capital que permanece nessas nações. Caso haja uma segunda onda de contágios, a situação financeira nessas regiões pode ser posta sob uma nova rodada de stress.
A recomendação do Fundo é a de que sejam mantidas as políticas emergenciais que promovam recuperação econômica após a crise do coronavírus. Investimentos governamentais devem ser mantidos em áreas como a saúde.
No âmbito comercial, aumentar tarifas alfandegárias devem ser evitadas – sobretudo em insumos hospitalares e de proteção. Reformas que aumentem a produtividade da economia e que encorajem o investimento também serão fundamentais na retomada.