Embaixador do Canadá na China anuncia saída do cargo após fim da crise da Huawei

Saída de Barton ocorre semanas após a solução de desavenças diplomáticas devido aos casos dos canadenses Michael Spavor e Michael Kovrig

O embaixador do Canadá na China, Dominic Barton, deixará o cargo no fim do ano, segundo comunicado do primeiro-ministro Justin Trudeau. Na função desde 2019, ele enfrentou dois anos ambíguos, em que foi tanto elogiado por ajudar a garantir a libertação de dois canadenses da custódia chinesa quanto sofreu críticas por estabelecer fortes laços comerciais com Beijing. As informações são da rede Bloomberg.

A saída de Barton ocorre semanas após a resolução de desavenças diplomáticas entre as nações em consequência dos casos de Michael Spavor e Michael Kovrig, cidadãos canadenses detidos por quase três anos na China logo após a prisão de Meng Wanzhou, executiva da Huawei acusada pelos EUA de espionagem industrial.

“Com muita gratidão e respeito, aceitei a decisão do Embaixador Barton de deixar seu posto em Beijing no final do ano. Nos últimos dois anos, Dominic liderou nossa equipe na China com determinação, integridade e compaixão, e em um momento em que as relações entre nossos dois países enfrentavam desafios difíceis”, detalhou Trudeau no comunicado oficial.

Dominic Barton ficará frente ao cargo até dia 31 de dezembro (Foto: World Economic Forum/Flickr)

Foi no mandato de Barton que as duas nações viveram seus dias mais turbulentos em décadas em razão das prisões. Por quase três anos, Meng – a diretora financeira da Huawei – lutou contra a extradição para os Estados Unidos sob acusações de fraude em um caso de sanções contra o Irã.

No entanto, Barton, que trazia no currículo o cargo de alto executivo da consultoria global McKinsey and Co., não foi poupados de críticas por estreitar laços comerciais com a China, apesar da tendência cada vez mais autoritária de Beijing.

Por que isso importa?

A detenção de Spavor, em dezembro de 2018, ocorreu poucos dias depois de o Canadá ter prendido Wanzhou, devido a um mandado de prisão internacional expedido pelos Estados Unidos. Ela era acusada de enganar um banco sobre o relacionamento da empresa com uma companhia do Irã sancionada pelos EUA.

Kovrig foi preso um pouco depois, acusado do mesmo crime que o compatriota, em casos que o governo canadense sempre tratou como mera retaliação pela detenção da executiva.

Há, ainda, um terceiro caso supostamente associado à complicada teia de eventos diplomáticos entre Canadá, EUA e China. É o do canadense Robert Lloyd Schellenberg, que no dia 10 de agosto teve confirmada a pena de morte por tráfico internacional de drogas. Ele é acusado de traficar cerca de 220 quilos de metanfetamina.

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