Governos e entidades internacionais reagem à morte de Navalny e culpam Moscou

Líderes mundiais, altos funcionários e observadores do Kremlin elogiaram ativismo de Navalny e, em muitos casos, colocaram a culpa diretamente nas mãos do governo russo

Nesta sexta-feira (16), os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e diversas entidades ao redor do mundo atribuíram a responsabilidade pela morte do ativista e líder da oposição russa Alexei Navalny ao governo de Vladimir Putin.

De acordo com a agência Reuters, Navalny “se sentiu mal” e desmaiou quando caminhava no pátio da colônia penal IK-3, localizada cerca de 1,9 mil quilômetros a leste de Moscou. Ele cumpria pena de 30 anos de prisão em um centro de detenção no Ártico e com frequência reclamava do tratamento que recebia no cárcere, alegando inclusive que sua saúde estava debilitada por isso.

O presidente norte-americano, Joe Biden, reiterou três vezes que Putin é o responsável. Biden também elogiou Navalny como uma voz corajosa em defesa da verdade, e destacou sua valentia ao enfrentar o Kremlin.

O oposicionista Alexei Navalny e a mulher dele, Yulia Navalnaya (Foto: reprodução/Instagram)

O chefe da Casa Branca destacou que, após ser envenenado, Navalny teve a oportunidade de viver em outro país, mas optou por retornar a Moscou. Por fim, ressaltou o comprometimento do ativista com seu país, mencionando que ele decidiu permanecer e continuar seu trabalho, demonstrando sua “forte convicção” na Rússia.

Direto de uma conferência em Munique, na Alemanha, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, destacou que a morte de Navalny na prisão russa expõe “a fraqueza e a corrupção do sistema de Putin”.

A porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Liz Throssell, também expressou horror com a notícia e enfatizou que “quando alguém morre sob custódia do Estado, presume-se que o Estado é responsável”. Ela pediu uma investigação independente e credível sobre o caso.

As reações à morte de Navalny se espalharam por toda a Europa. O chanceler alemão Olaf Scholz, em uma declaração no X, antigo Twitter, destacou o ativismo de Navalny em prol da democracia e liberdade na Rússia, lamentando que ele aparentemente tenha “pago com a vida por sua coragem”. Scholz também destacou como a tragédia revela mais uma vez a situação na Rússia sob o governo de Moscou.

Em 2020, a Alemanha ofereceu refúgio temporário a Navalny e providenciou cuidados médicos após ele ter sido envenenado.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou categoricamente: “Putin o matou”. Ele destacou que para o chefe do Kremlin, “pouco importa quem morra”, desde que sua posição de poder seja mantida.

A União Europeia também responsabilizou o Kremlin pelo ocorrido. O presidente do Conselho da UE, Charles Michel, expressou no X que Navalny fez o “derradeiro sacrifício por seus ideais” e que o bloco econômico vê o regime russo como único responsável por essa morte trágica.

Por sua vez, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, enfatizou que a notícia ressalta ao mundo a verdadeira natureza de Putin, referindo-se a ele como um “monstro”.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), expressou profunda tristeza com a notícia, mas enfatizou a importância de aguardar até que todos os fatos sejam esclarecidos. Ele também instou Moscou a fornecer “respostas completas” sobre as circunstâncias da morte de Navalny.

A Human Rights Watch (HRW) responsabilizou o Kremlin pela morte de Navalny na prisão. Tirana Hassan, diretora executiva da ONG, destacou que o governo russo “perseguiu, prendeu e atormentou” Navalny por mais de uma década, enfatizando que ele nunca deveria ter sido preso. Hassan afirmou que as autoridades russas têm “total responsabilidade” pelo que aconteceu a Navalny, desde sua primeira detenção por motivos políticos.

A Anistia Internacional, por meio de sua secretária-geral, Agnès Callamard, também reagiu à morte de Alexei Navalny. Ela destacou que após seu envenenamento, prisão injusta e tortura, Navalny faleceu após passar 37 meses atrás das grades e ser transferido para uma das prisões mais remotas e severas da Rússia. Callamard ressaltou que Navalny era “um prisioneiro de consciência”, “detido unicamente por se posicionar contra um governo repressivo”.

Lyudmila Navalnaya, mãe de Navalny, manifestou que, por enquanto, não deseja receber condolências. Segundo relatos da imprensa, ela teve a oportunidade de ver seu filho em uma visita à prisão na segunda-feira passada e o descreveu como “vivo, saudável e feliz” em uma publicação no Facebook.

Na Conferência de Segurança de Munique, Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, responsabilizou Putin, seus aliados e o governo russo por todas as “coisas horríveis” que acontecem no país. Ela instou o mundo a se unir e combater o regime opressivo na Rússia.

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