Mais de cem milhões de deslocados foram registrados em todo o mundo em 2022

A maioria, 59,1 milhões, está deslocada dentro de seus próprios países, muitas vezes por anos ou mesmo décadas

A ajuda humanitária por si só não pode superar os níveis recordes de deslocamento interno globais, disse o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em um relatório publicado na terça-feira (29). O documento pede uma ação urgente para apoiar as pessoas forçadas a sair de suas casas por questões ligadas ao clima, a conflitos e crises em geral.

Pela primeira vez, o número de pessoas forçadas a fugir de suas casas ultrapassou cem milhões neste ano. A maioria, 59,1 milhões, está deslocada dentro de seus próprios países, muitas vezes por anos ou mesmo décadas.

Essas pessoas deslocadas internamente lutam para cobrir suas necessidades básicas, encontrar trabalho decente ou ter uma fonte estável de renda, entre outros desafios. O PNUD descreveu a situação como uma “crise invisível” porque raramente é notícia.

Crianças em assentamento para deslocados internos em Cabo Delgado, Moçambique, abril de 2021 (Foto: Unicef/Mauricio Bisol)

Como a mudança climática pode forçar mais de 216 milhões a se mudarem para outros lugares dentro de suas terras natais até meados do século, o relatório defende soluções de desenvolvimento de longo prazo para reverter o deslocamento interno.

“São necessários mais esforços para acabar com a marginalização dos deslocados internos, que devem poder exercer todos os seus direitos como cidadãos, inclusive por meio do acesso a serviços vitais, como saúde, educação, proteção social e oportunidades de emprego”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner.

“Em conjunto com a assistência humanitária crítica, esta abordagem mais focada no desenvolvimento será vital para estabelecer as condições para caminhos para a paz, estabilidade e recuperação duradouras”, afirmou ele

O relatório apela para colocar esta “crise invisível” na agenda internacional. Cita dados de amostra de uma pesquisa com cerca de 2.653 deslocados internos e pessoas de comunidades anfitriãs em oito países: Colômbia, Etiópia, Indonésia, Nepal, Nigéria, Papua Nova Guiné, Somália e Vanuatu.

Um terço dos deslocados internos diz que ficou desempregado, enquanto quase 70% não têm dinheiro suficiente para atender às necessidades de suas famílias. Um terço também relatou que sua saúde piorou desde que fugiu de sua terra natal.

Os dados foram coletados pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC) entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022.

O relatório destacou que a superação do deslocamento interno depende da implementação de soluções-chave de desenvolvimento pelos governos , incluindo a garantia de igualdade de acesso a direitos e serviços básicos, promoção da integração socioeconômica, restauração da segurança e construção da coesão social.

O PNUD também destacou a necessidade de melhores dados e pesquisas e sublinhou seu compromisso para preencher essa lacuna por meio de um Índice de Soluções para Deslocamento Interno, que visa a monitorar o progresso e ajudar os governos a transformar as respostas humanitárias em respostas de desenvolvimento.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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