Meta reporta estratégia secreta de China, Irã e Rússia para influenciar eleições ocidentais

Gigante tecnológica alertou para campanhas de manipulação da opinião pública de olho em eventos como o pleito nos EUA

Na quarta-feira (29), a Meta, empresa que gerencia redes sociais como Facebook e Istagram, divulgou um relatório trimestral que abordou ameaças globais na internet previstas até 2024, com ênfase nas eleições que ocorrerão em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. O documento apontou Beijing, Moscou e Teerã como fontes de interferência estrangeira, destacando particularmente os desafios associados ao avanço da inteligência artificial (AI), conforme relatado pela Fox News.

A empresa-mãe do Facebook alertou que “atores de ameaças estrangeiras estão buscando atingir o público online” antes do pleito do ano que vem. Acrescentou que aumentar o compartilhamento de informações entre o governo dos EUA e as empresas de mídia social é crucial para evitar manipulações.

Já na quinta-feira (30), a big tech revelou que desativou milhares de contas do Facebook vinculadas à China, as quais se passavam por cidadãos norte-americanos que discutiam questões partidárias como aborto e cuidados de saúde.

Logomarca da Meta, empresa que controla Facebook e Instagram (Foto: br.fashionnetwork.com/Creative Commons)

Sobre o ambiente informativo que antecede 2024, a Meta alertou que operações secretas de influência estrangeira buscam distorcer narrativas partidárias legítimas. A empresa destacou que o que chamou de “hackeamento da percepção” visa semear dúvidas nos processos democráticos, ressaltando a importância de informações fundamentadas em evidências para enfrentar esse desafio.

O relatório foi divulgado enquanto as autoridades de segurança dos EUA pararam de alertar as redes sociais sobre operações de influência estrangeira, devido a uma disputa legal com procuradores-gerais republicanos. Executivos da Meta confirmaram que não recebem informações do governo sobre interferência eleitoral estrangeira desde julho, quando a disputa legal foi apresentada pelo partido que faz oposição ao presidente Joe Biden. O caso será analisado pela Suprema Corte norte-americana.

Antes de 2023 acabar, a Meta aponta que Beijing segue concentrando suas operações secretas de informação nas políticas externas relacionadas à China, enquanto as campanhas russas visam minar o apoio à Ucrânia.

Neste terceiro trimestre, a big tech identificou novos grupos de sites focados em política nos EUA e Europa. Esses grupos passaram a abordar a guerra entre Israel e Hamas e a “crise no Oriente Médio” como indícios do declínio norte-americano.

A principal operação de influência chinesa destacada no relatório focou na política interna dos Estados Unidos. Ela utilizou contas falsas no Facebook para compartilhar postagens copiadas de políticos norte-americanos de diferentes lados, possivelmente com o objetivo de “amplificar as tensões partidárias”.

Histórico

A situação não é nova. Há evidências de que a Rússia tentou influenciar as eleições presidenciais dos EUA em 2016, que elegeram Donald Trump. O mesmo teria acontecido em 2020 em favor do republicano, que acabou derrotado por Biden.

Segundo informações da inteligência dos Estados Unidos, agências de segurança concluíram que o governo russo conduziu uma campanha de interferência, envolvendo operações de desinformação nas redes sociais, hacking e vazamento de e-mails.

Já a China tem sido acusada de realizar atividades de influência mais amplas, como campanhas de desinformação, principalmente por meio de plataformas de mídia social. Essas alegações incluem a disseminação de propaganda, a manipulação de informações online e esforços para moldar a narrativa internacional.

O Irã também tem sido apontado como um ator que realiza atividades de desinformação online em geral, embora em menor escala em comparação com países como Rússia e China.

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