Este 6 de fevereiro é o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina (MGF). Aproveitando a data, a ONU (Organização das Nações Unidas) alerta para o risco de 4,2 milhões de meninas serem vítimas dessa prática nociva neste ano.
De acordo com as estimativas, existem mais de 200 milhões de sobreviventes. O tema da campanha contra a mutilação em 2023 é “Parceria com Homens e Meninos para Transformar Normas Sociais e de Gênero para Acabar com a Mutilação Genital Feminina”.
“Sete em cada dez mulheres e meninas que vivem em países com alta prevalência de MGF acham que a prática deve terminar. A MGF viola os direitos de meninas e mulheres e limita as suas oportunidades de viver uma vida com saúde, educação e dignidade”, disse a diretora do Escritório de Genebra do Fundo da ONU para a População (Unfpa), Monica Ferro.
“Numa altura em que os efeitos combinados dos conflitos, pobreza, alterações climáticas e desigualdade continuam a afetar os nossos esforços de eliminar, nos próximos oito anos, esta grave violação de direitos humanos, é preciso alterar as relações de poder e a desigualdade de género em que esta prática se baseia”, acrescentou ela.
Um dos maiores desafios está em comunidades de migrantes e diáspoas nos países europeus. A comunidade de cidadãos da Guiné-Bissau, por exemplo, notifica casos de mutilação genital em Portugal, ainda que realizados no exterior. O presidente da Associação Amigos de Farim, Eduardo Djaló, fala da importância das campanhas.
“Os anciãos, as pessoas mais velhas, são as mais resistentes. E, no caso de mulheres, isso tem a ver com seu íntimo, elas precisam expor ou falar abertamente desses assuntos. Naturalmente, isso precisa ser trabalhado precisamente com técnicos existentes na área. É preciso trabalhar pelas mulheres. Nós temos tido bastante apoio, tanto das autoridades centrais, do governo central e governo local”, disse Djaló
Campanha em Portugal
Atuando para aumentar a consciência contra a MGF em Portugal, a guineense Sona Fati fala da abordagem que oferece como embaixadora no país da End FGM European Network (Rede Europeia pelo Fim da MGF, em tradução livre).
“Não é um assunto unicamente da mulher. É um assunto da mulher, é um assunto do homem e um assunto de todos nós enquanto sociedade. E todos nós somos precisos para a luta”, disse ela
A mutilação genital feminina é uma violação abominável dos direitos humanos fundamentais com danos permanentes à saúde física e mental de mulheres e meninas, como disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. Em mensagem, ele pediu urgência para se eliminar, ainda nesta década, o que chama uma das manifestações mais cruéis do patriarcado que permeia o mundo.
Uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é erradicar a prática até 2030. Ao falar do apoio dos homens à luta contra a MGF, Guterres destaca que irmãos, pais, profissionais de saúde, professores e líderes tradicionais podem ser aliados poderosos para desafiar e acabar com esse flagelo.
O secretário-geral destacou que a data deve servir para ressaltar o compromisso de mudanças sociais e parcerias fortes para o fim da prática.
O Unfpa e o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) destacam que a onda de aliados masculinos, como líderes religiosos e tradicionais, profissionais de saúde, agentes da lei, membros da sociedade civil e organizações de base, leva a conquistas notáveis na proteção de mulheres e meninas.
As agências advertem que as interrupções associadas ao Covid-19 podem resultar em mais dois milhões de casos de mutilação genital feminina na próxima década, a menos que seja acelereda a atuação contra o problema.
Neste ano, a campanha online #MenEndFGM ressalta o combate ao ato de violência de gênero usando as redes sociais.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News