Nos países em desenvolvimento, mais de 350 mil crianças perdem tratamento contra o câncer

Sobrevivência dos menores afetados nesses países é inferior a 30%, em comparação com mais de 90% em países de alta renda

O tratamento contra o câncer permanece fora do alcance de centenas de milhares de crianças diagnosticadas com a doença em países de baixa e média renda, limitando severamente suas chances de sobrevivência, disse a agência de saúde da ONU (Organização das Nações Unidas) na quarta-feira (26).

Apenas um quarto dos países de baixa renda cobre medicamentos contra o câncer infantil por meio de benefícios públicos, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua coletiva de imprensa semanal em Genebra.

“Isso sujeita crianças e famílias a sofrimento significativo e dificuldades financeiras, ou os coloca em risco de receber medicamentos de qualidade inferior e falsificados. Como resultado, a sobrevivência das crianças nesses países é inferior a 30%, em comparação com mais de 90% das crianças em países de alta renda”, disse ele.

Para ajudar a resolver o problema, foi lançada em 2018 a Iniciativa Global para o Câncer Infantil, da OMS, apoiada pelo Hospital de Pesquisa Infantil St. Jude, com sede nos EUA, uma entidade pediátrica de tratamento e centro de pesquisa com foco em leucemia e outros tipos de câncer, sem fins lucrativos.

A Iniciativa visa uma taxa de sobrevivência de pelo menos 60% em países de baixa e média renda até 2030, concentrando-se em seis tipos de câncer altamente curáveis, que representam mais da metade de todos os encontrados em crianças.

Ghebreyesus acrescentou que, em dezembro de 2021, a agência da ONU e o St. Jude iniciaram um programa global para melhorar o acesso a medicamentos contra o câncer infantil.

“Seu objetivo é fornecer acesso universal, gratuito e sustentado a remédios essenciais contra o câncer com qualidade garantida” para crianças fora das economias desenvolvidas, disse Ghebreyesus .

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus: luta contra o câncer infantil (Foto: UN Photo)
Medicamentos essenciais para crianças

A OMS também anunciou que os medicamentos contra o câncer estão entre os que foram adicionados à última versão da Lista de Medicamentos Essenciais da OMS e à Lista de Medicamentos Essenciais para Crianças, publicada na quarta.

“As novas listas também incluem novos medicamentos importantes para o tratamento de esclerose múltipla, doenças infecciosas e doenças cardiovasculares, entre outras. Esses tratamentos podem ter um impacto global muito grande na saúde pública, sem comprometer os orçamentos de saúde de países de baixa e média renda”, disse Ghebreyesus.

Por mais de 40 anos, países de todo o mundo confiaram na Lista como um guia definitivo baseado em evidências para os medicamentos mais importantes para proporcionar o maior impacto na saúde.

Mortes pelo calor

Ghebreyesus abordou outro tema na coletiva: as altas temperaturas em todo o Hemisfério Norte. Ele destacou que a situação ameaça a saúde e o bem-estar humanos, em meio a estimativas de que mais de 61 mil pessoas morreram de causas relacionadas ao calor na Europa no mês passado.

Segundo a OMS, o estresse térmico, definido como a incapacidade do corpo humano de se resfriar, pode desencadear exaustão ou insolação e agravar condições como doenças cardiovasculares, respiratórias e renais, bem como problemas de saúde mental.

“Estamos preocupados com o impacto do clima extremo na saúde das pessoas que estão deslocadas ou vivendo em áreas vulneráveis ​​ou afetadas por conflitos, onde há acesso limitado ou inexistente a água potável e saneamento, falta de refrigeração e escassez de suprimentos médicos”, disse o chefe da OMS

Ele pediu aos governos que implementem sistemas de alerta e resposta precoce, estratégias para a população em geral e grupos vulneráveis ​​e planos de comunicação eficazes, ao mesmo tempo em que destacou a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e “proteger o planeta, do qual toda a vida depende.” 

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