OMS recomenda vacinas, diagnóstico e redução de risco para conter a varíola dos macacos

Segundo Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da agência, foram notificados mais de 18 mil casos da doença em 78 países

A combinação de vacinas, vigilância, diagnóstico e redução de risco é essencial para prevenir a difusão e travar o surto da varíola dos macacos. A avaliação é do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, segundo quem a agência notificou mais de 18 mil casos da doença em 78 países. 

Falando a jornalistas, em Genebra, ele disse que mais de 70% dos episódios foram confirmados na Europa, com 25% nas Américas. Cinco pessoas morreram e cerca de 10% dos infectados foram hospitalizados, numa medida “para controlar a dor causada pela doença”.

O chefe da agência destacou que 98% das notificações até agora são em homens que fazem sexo com homens. O diretor da OMS destaca, no entanto, que qualquer pessoa exposta pode ser contaminada e indica medidas para reduzir o risco de transmissão aos grupos vulneráveis, incluindo crianças, mulheres grávidas e pacientes com imunidade prejudicada.

Campanha de vacinação em Moçambique (Foto: Mario Lemos/Unicef)

Tedros declarou que, além da transmissão por via sexual, a varíola dos macacos pode se espalhar por meio do contato próximo entre as pessoas no lar, como em abraços e beijos ou toalhas e roupas de cama contaminadas.

Vacina disponível

A agência aconselha que o alvo da vacinação sejam as pessoas expostas a um infectado pela varíola dos macacos e os indivíduos com alto risco de exposição. Entre eles estão profissionais de saúde, de laboratório e pessoas com múltiplos parceiros sexuais.  

A OMS não aconselha uma imunização em massa. A única vacina aprovada é a MVA-BN, agora disponível no Canadá, na União Europeia (EU) e nos EUA. A disponibilidade do produto é de cerca de 16 milhões de doses.  

Existem ainda os imunizantes LC16 e ACAM2000, que estão sendo considerados para uso. O desafio é a falta de dados sobre a eficácia ou quantas doses podem ser necessárias. O chefe da OMS apelou aos países que usam os imunizantes a recolher e compartilhar os dados. 

A agência anunciou a criação de uma estrutura de pesquisa para ser usada por governos a fim de gerar os dados para se entender melhor a eficácia destes produtos “na prevenção de infecções e doenças” e como usá-los de maneira mais eficaz.  

Tedros Ghebreyesus lembrou que a imunização não dará proteção instantânea, vez que o processo pode levar várias semanas. Daí o apelo para que continuem sendo adotadas medidas de proteção, como evitando contato próximo, incluindo sexual, com pessoas que têm ou correm o risco de contrair a varíola dos macacos. 

Como interromper o surto

O chefe de OMS sublinhou que o surto, que no sábado foi declarado uma emergência da saúde pública de interesse internacional, ainda pode ser interrompido. 

Esse propósito pode ser alcançado se países, comunidades e indivíduos se informarem, levarem os riscos a sério e tomarem medidas necessárias para interromper a transmissão e proteger os mais vulneráveis.  

A prioridade está na redução do risco de exposição. Ele destacou que devem ser feitas escolhas seguras, e homens que fazem sexo com homens devem reduzir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com novos parceiros para permitir o acompanhamento, se necessário.  

O diretor-geral da OMS disse que a desinformação se difunde rapidamente online e fez um paralelo com a Covid-19.  

Por isso, convidou as plataformas de redes sociais, empresas de tecnologia e organizações noticiosas a atuar com a agência para prevenir e combater informações danosas.  Pediu também que seja garantido o acesso equitativo às vacinas para todos afetados pela varíola em todos os países e regiões. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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