Mais de 635 milhões de estudantes continuam sendo afetados pelo encerramento total ou parcial das escolas no mundo todo em função da pandemia de Covid-19, de acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Nesta segunda-feira (24), Dia Internacional da Educação, a agência da ONU divulgou os dados mais recentes sobre o impacto que a pandemia de Covid-19 está tendo no aprendizado das crianças. O chefe de Educação do órgão, Robert Jenkins, declarou que o nível de perdas para a escolaridade das crianças chega a ser “insuperável”, num momento em que a pandemia está prestes a completar dois anos.
O representante da agência da ONU vai além, defendendo que apenas reabrir escolas não é suficiente: é preciso apoiar os estudantes de forma intensiva, para que os alunos reconstruam sua saúde física e mental, seu desenvolvimento social e nutrição.
No mundo todo, milhões de crianças perderam uma parte significativa de aprendizado por terem ficado fora das salas de aula. Os mais novos e mais vulneráveis foram os mais prejudicados, segundo o Unicef.
Em países de rendas baixa e média, até 70% dos alunos de 10 anos de idade têm dificuldades para ler ou entender um texto simples, sendo que, antes da pandemia, o índice era de 53%.
Na Etiópia, por exemplo, os alunos do ensino primário aprenderam apenas 40% do que deveriam ter aprendido sobre matemática em um ano letivo normal. O Unicef destaca também que nos Estados Unidos foram observados déficits de aprendizado em vários Estados, como Califórnia, Colorado, Texas, Carolina do Norte, Virgínia e Ohio.
A agência menciona ainda o Brasil, onde, em vários Estados, três entre quatro crianças da segunda série do ensino fundamental estão atrasadas com a leitura. Também em alguns Estados brasileiros, 10% dos estudantes entre 10 e 15 anos de idade afirmaram que não planejam retornar à escola quando as salas de aula reabrirem.
Na África do Sul, as crianças em idade escolar estão entre 75% e até um ano completo atrasadas na aprendizagem. Além disso, entre 400 mil e 500 mil alunos abandonaram as escolas entre março de 2020 e julho de 2021.
O Unicef cita evidências de que a Covid-19 gerou altos índices de ansiedade e de depressão entre crianças e jovens. Alguns estudos mostram que meninas, adolescentes e moradores de áreas rurais são os mais afetados.
Durante os períodos em que as escolas ficam encerradas devido à pandemia, mais de 370 milhões de crianças em todo o mundo ficaram sem receber refeições, sendo que, para muitas, a alimentação escolar é a única fonte segura de nutrição diária.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News