Atualmente, há 21 mil pedaços de plástico no oceano para cada pessoa na Terra, segundo relatório divulgado na quarta-feira (8) pelo 5 Gyres Institute, uma ONG dedicada a pesquisar a questão dos plásticos no mundo. Além disso, a poluição plástica dobra a cada seis anos, o que é uma tendência preocupante, segundo a organização. As informações são do jornal Washington Post.
O volume desse tipo de contaminação cresceu exponencialmente desde a virada do século. E o planeta vive o auge do problema: o relatório atual aponta que os seres humanos lançaram nos mares mais de 170 trilhões de pedaços de plástico, número dramaticamente maior do que anteriormente estimado, disse o documento.
Para coletar dados para sua pesquisa, o 5 Gyres compilou informações de mais de 11 mil estações oceânicas em seis partes diferentes do mundo, de 1979 a 2019. A pesquisa revelou um crescimento exponencial da poluição plástica entre 2005 e 2019. Em apenas 14 anos, o volume de resíduos plásticos subiu de 16 trilhões de peças para 171 trilhões de peças.
Segundo os pesquisadores, os trilhões de partículas de plástico, um “smog” plástico – termo usado para definir o acúmulo da poluição do ar nas cidades que forma uma grande neblina de fumaça no ambiente atmosférico próximo à superfície –, pesam cerca de 2,4 milhões de toneladas métricas e estão dobrando a cada seis anos.
Isto representa mais de 21 mil peças de plástico para cada um dos 8 bilhões de habitantes da Terra. A maioria delas são muito pequenas.
O estudo revelou um aumento na poluição plástica oceânica ao mesmo tempo em que as leis e acordos vigentes foram reduzidos. E observa que há muitos fatores a serem considerados, como, por exemplo, aumento na produção e no desperdício, além da fragmentação dos plásticos existentes.
E pode ficar pior. O relatório estima que o volume atual de plástico no oceano tem potencial para quase triplicar até 2040 se nenhuma ação global significativa for adotada.
Mas há esperança. Mesmo com números espantosamente altos, o 5 Gyres e outras organizações ambientais acreditam que limitar a quantidade de plástico produzida é a melhor solução. Limpar os oceanos e reciclar plástico são ações importantes, mas não impedem o fluxo de poluição para o mar. A raiz do problema é limitar a produção de plástico, eliminando a causa na fonte.
“O mundo está negociando um tratado da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre poluição plástica”, disse Marcus Eriksen, fundador do Instituto.
Segundo ele, o tratado visa a limitar a produção global de plástico e regular todos os aspectos do ciclo de vida do material, incluindo os produtos químicos usados para produzi-lo e os esforços de reciclagem.
“Esta proposta representa um passo significativo para resolver o problema”, acrescentou.
Eriksen ainda observou que, por meio do tratado da ONU, é possível dar passos em direção a um futuro mais limpo e saudável.
“É crucial que todos façamos nossa parte para limitar nosso consumo de plástico e descartar adequadamente os resíduos plásticos para reduzir o impacto em nossos oceanos”, disse.
Quem polui mais
Um relatório da empresa britânica Raja divulgado em 2021 apontou Índia, China e Indonésia como os três países que mais despejavam plástico nos oceanos naquela época.
Só a Índia, no topo da lista, descartou cerca de 126,5 milhões de quilos de plástico nas águas. O peso equivale a mais de 250 mil golfinhos nariz de garrafa, uma das espécies mais comuns no oceano.
Em seguida está a China, que despejou mais de 70,7 milhões de quilos, e a Indonésia, com 56,3 milhões de quilos de plástico lançados em seus mares em 2020. O Brasil fechou o ano em 4º lugar, por despejar 38 milhões de quilos de resíduos plásticos nos oceanos.
O posto de maior produtor de plástico do mundo, porém, pertence aos EUA. O país produz o dobro da quantidade de lixo plástico que a Índia – cerca de 42 bilhões de quilos –, mas apenas 2,4 milhões de quilos vão parar nos oceanos.
Itens plásticos usados para armazenar e consumir comida “para viagem” são os maiores poluidores dos oceanos, indicou um estudo divulgado em 2021 pela revista Nature Sustainability. Sacolas, garrafas, embalagens de alimentos e talheres, todos plásticos, são os principais vilões.