Ucrânia e Ásia impulsionaram em 50% as vendas de armas no ano passado

As vendas de armas sob a competência do governo dos EUA duplicaram em valor em 2022, totalizando cerca de US$ 52 bilhões

A Agência de Cooperação de Segurança e Defesa (DSCA, da sigla em inglês) dos Estados Unidos registrou que as vendas de armas sob sua competência dobraram no ano passado. Segundo comunicado do órgão, que faz parte do Departamento de Defesa (DoD, da sigla em inglês), estão incluídos armamentos adquiridos diretamente por países parceiros com recursos próprios e vendas financiadas por meio do programa de Financiamento Militar Estrangeiro (FMS), uma forma de assistência de segurança autorizada pela Lei de Controle de Exportação de Armas (AECA).

Os negócios foram superlativos: as vendas totais de armas no ano fiscal de 2022, cerca de US$ 52 bilhões, ultrapassaram os US$ 34,81 bilhões do ano fiscal de 2021 em quase 50%.

Entre os fatores listados pelo aquecimento das negociações estão o arrefecimento da pandemia de coronavírus, a guerra na Ucrânia e as preocupações com a crescente influência militar e econômica da China entre os países do Pacífico, analisou o diretor da DSCA, James Hursch.

“Atribuímos isso ao entendimento entre nossos parceiros e aliados de que estamos de volta a uma era de grande competição de poder”, disse Hursch. “Eles veem o que aconteceu na Ucrânia. Os países da Europa Central, por exemplo, estão procurando obter algumas das mesmas capacidades que funcionaram bem para o exército ucraniano e aumentar suas próprias capacidades de dissuasão”.

Tóquio pode se tornar uma das três potências bélicas do mundo em três anos (Foto: WikiCommons)

Sob o regime Xi Jinping, a China reformulou suas forças armadas e desencadeou uma corrida armamentista na Ásia-Pacífico. Assim como os vizinhos chineses, Filipinas e Vietnã também dobraram os gastos militares na última década, com Coreia do SulPaquistão e Índia não muito atrás. A Austrália aderiu à corrida e encomendou inclusive um submarino nuclear, enquanto a Coreia do Norte aumentou consideravelmente os testes de mísseis balísticos e colocou os países mais próximos em alerta.

“À medida que continuamos a melhorar nossos equipamentos, eles tendem a ficar mais caros. Comprar um sistema Himars (Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade, da sigla em inglês), por exemplo, sai mais caro do que comprar um obus”, disse ele. “E esse é o tipo de atualização que vários de nossos aliados e parceiros estão procurando fazer”.

Hursch também comentou que a agência que coordena ajuda as nações parceiras a desenvolver capacidades, de modo a dar suporte no estabelecimento de uma estratégia de segurança nacional.

“Fazemos coisas como garantir que eles tenham a capacidade de fazer vigilância costeira ou marítima”, disse ele. “Trabalhamos com países que estão trabalhando para construir sua própria vigilância do espaço aéreo”.

E a previsão para os próximos anos é de crescimento contínuo, diz Hursch. Um fator que, segundo ele, justifica a perspectiva de aumento das vendas é que muitos aliados se comprometeram publicamente a gastar mais em sua própria defesa.

Um deles é o Japão, que anunciou um orçamento de US$ 320 bilhões para o setor de Defesa ao longo dos próximos cinco anos, sendo US$ 51,4 bilhões em 2023. Inclusive incrementando seu potencial bélico com mísseis capazes de atingir a China

“Quando você olha para nossos aliados e parceiros, muitos deles aumentaram seus orçamentos de defesa nos últimos anos, ou no ano passado, em resposta ao que aconteceu na Ucrânia”, disse ele. “Acho que continuaremos a ver fortes sinais de demanda por causa disso. É um pouco difícil dizer exatamente quanto será o aumento, mas acho que será pelo menos tão forte quanto este ano e provavelmente um pouco maior. “

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