67% dos mortos no conflito em Gaza são mulheres e crianças

Para representantes da ONU, além da pausa humanitária de quatro dias é necessário um cessar-fogo para aliviar condições da população

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Na terça-feira (21), o Conselho de Segurança se reuniu para avaliar o impacto da violência em Gaza nos civis, especialmente mulheres e crianças. A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que estes grupos correspondem a  67% dos cerca de 14 mil mortos desde 7 de outubro.

A chefe da ONU Mulheres, Sima Bahous, explicou que elas foram diretamente afetadas pela escassez de assistência médica desde o aumento dos combates. Segundo a representante, sete mulheres são mortas a cada duas horas na região.

Após o acordo de pausa humanitária de quatro dias, representantes de diversas agências da ONU afirmaram que a pausa é bem-vinda, mas as necessidades são crescentes. 

A diretora-executiva da ONU Mulheres destacou que o número de civis mortos desde 7 de outubro é o dobro do que foi registrado nos últimos 15 anos. 

Pessoas buscam refúgio no hospital Al-Quds em Gaza (Foto: OMS/arquivo)

Sima Bahous apontou que além da destruição de casas, que causou o deslocamento de milhares de pessoas, aqueles que são feridos com a violência também não encontram serviços de saúde disponíveis.

Segundo ela, cerca de 180 partos acontecem diariamente em Gaza sem água, anestesias e eletricidade para incubadoras e material médico. Sima Bahous afirma que, antes da atual escalada, havia 650 mil mulheres e meninas precisando de assistência humanitária em Gaza. Agora, essa estimativa subiu para 1,1 milhão, incluindo quase 800 mil mulheres deslocadas internamente.

“Pausas humanitárias não são suficientes”

Destacando o efeito da violência em crianças, a diretora executiva do Fundo da ONU para Infância (Unicef) declarou que pausas humanitárias não são suficientes para que os trabalhadores entreguem toda a ajuda necessária. 

Para Catherine Russel, um cessar-fogo imediato é urgente para dar fim ao “massacre” em Gaza. Segundo ela, relatos indicam que mais de 5,3 mil crianças palestinas foram mortas em 46 dias, ou mais de 115 por dia. Catherine Russel adiciona que isso representa 46% das mortes em Gaza, uma taxa sem precedentes. 

A diretora executiva do Unicef afirma que “a Faixa de Gaza é o lugar mais perigoso do mundo para ser uma criança”. Ela destacou registros de mais de 1,2 mil menores desaparecidos ou que seguem sob os escombros de prédios bombardeados.

Russell ressaltou que o número de mortes na crise atual ultrapassou amplamente o total observado nas escaladas anteriores. Um total de 1.653 crianças foi verificado como mortas em 17 anos de monitoramento de graves violações entre 2005 e 2022.

Gestantes

A líder do Fundo de População da ONU (Unfpa) destacou a realidade delicada para as gestantes em Gaza. Natalia Kanem expressou preocupação com as mais de 7 mil mulheres que deram à luz nos últimos 47 dias. Com os ataques, muitas não tiveram acesso a apoio médico adequado. 

Segundo ela, com a superlotação e falta de água e saneamento nos abrigos, higiene menstrual e amamentação também se somam aos desafios encontrados pelas mulheres. 

Natalia Kanem também fez um apelo por um cessar-fogo. Ela ainda elogiou a pausa de quatro dias, mas reforçou que Gaza precisa de ajuda contínua e desimpedida para salvar vidas.

Cisjordânia

Sobre a Cisjordânia, a ONU Mulheres alertou que a escalada de violência, com demolições de infraestrutura pública, revogação de permissões de trabalho, aumento da agressão de assentados e detenções, a vida e os meios de subsistência das mulheres foram afetados.

O Unicef avaliou as que nas últimas seis semanas, 56 crianças palestinas foram mortas na Cisjordânia e muitas foram deslocadas. A agência da ONU estima que 450 mil crianças precisam de assistência humanitária na região.

Segundo o Unfpa, a violência dos assentados está aumentando e famílias foram deslocadas. Há mais de 70 mil gestantes e são esperados 8 mil partos no próximo mês.

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