Mais de meio milhão de afegãos perderam emprego com Taleban no poder, diz OIT

Até meados deste ano, perdas podem aumentar para quase 700 mil, com previsões mais sombrias que chegam a 900 mil

Mais de 500 mil de pessoas perderam o emprego ou foram demitidas no Afeganistão desde a tomada do poder pelo Taleban, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho). O alerta foi feito nesta quarta-feira (19) em um relatório, destaca cita ainda a economia “paralisada” desde que os radicais assumiram o governo, em agosto passado.

Até meados deste ano, espera-se que a perda de emprego atinja quase 700 mil pessoas, com previsões mais sombrias falando em 900 mil. O problema é resultado da crise geral no Afeganistão e das “restrições à participação das mulheres no trabalho”, segundo o documento.

Os níveis de emprego das mulheres já eram extremamente baixos para os padrões globais, mas a OIT estima que tenham diminuído 16% no terceiro trimestre de 2021, podendo cair entre 21% e 28% até meados de 2022.

“A situação no Afeganistão é crítica, e é necessário apoio imediato para estabilização e recuperação”, disse Ramin Behzad, coordenador sênior da OIT para o Afeganistão. “Embora a prioridade seja atender às necessidades humanitárias imediatas, a recuperação duradoura e inclusiva dependerá de pessoas e comunidades terem acesso a empregos decentes, meios de subsistência e serviços básicos”.

Centenas de milhares de empregos foram perdidos em setores-chave, “devastados” desde a tomada de poder. Entre eles, agricultura e o serviço público, no qual trabalhadores foram demitidos ou deixaram de receber os salários. Na construção, os 538 mil trabalhadores do setor, dos quais 99% são homens, também sofreram com a paralisação de grandes projetos de infraestrutura.

Aula no ensino fundamental: professores foram bastante atingidos pela crise afegã (Foto: Unicef/Marko Kokic)

A tomada do Taleban também levou “centenas de milhares” de membros das forças de segurança afegãs a perderem o emprego. Professores e profissionais de saúde, por sua vez, foram profundamente impactados pela falta de dinheiro na economia, em meio à queda do apoio de doadores internacionais.

À medida que a crise continua a se desenrolar, a OIT explicou que a tomada de Cabul pelo Taleban ameaçou os ganhos de desenvolvimento conquistados nas últimas duas décadas. Os mercados domésticos foram “amplamente afetados”, enquanto a atividade econômica produtiva caiu, o que, por sua vez, aumentou os custos de produção.

Ao mesmo tempo, como os US$ 9,5 bilhões em ativos do Afeganistão foram congelados, “a ajuda externa, o comércio e o investimento foram severamente impactados”.

Trabalho infantil

A falta de trabalho também ameaça piorar os níveis de trabalho infantil no Afeganistão, onde apenas 40% das crianças de cinco a 17 anos frequentam a escola. Em números absolutos, a OIT observou que há mais de 770 mil meninos e cerca de 300 milmeninas envolvidos em trabalho infantil.

O problema é pior nas áreas rurais, onde 9,9%, ou 839 mil crianças, são muito mais propensas ao trabalho infantil em comparação com as áreas urbanas, com números de 2,9%, ou 80 mil.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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