Assassinato de repórter cinematográfico em Gaza será levado ao Tribunal Penal Internacional

Na sexta-feira passada, um ataque de drone israelense resultou na morte de Samer Abu Daqqa, operador de câmera da Al Jazeera

A agência catari Al Jazeera declarou no sábado (16) que está preparando uma ação legal para apresentar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em relação ao que descreve como “assassinato” de seu cinegrafista Samer Abudaqa, em Gaza. Ele foi morto por um ataque de drone na sexta-feira (15) enquanto cobria o bombardeio de uma escola usada como abrigo para pessoas deslocadas no sul do enclave.

A alegação é a de que drones israelenses atingiram o educandário, deixando o profissional fatalmente ferido. “A Al Jazeera Media Network reitera a sua denúncia e condenação do crime de assassinato do nosso colega, Samer Abudaqa, que dedicou 19 anos na rede à cobertura do conflito em curso nos territórios palestinianos ocupados”, disse o veículo em comunicado.

O texto ainda detalha que formou um grupo de trabalho conjunto, unindo sua equipe jurídica a especialistas jurídicos internacionais. Esses profissionais trabalharão de maneira colaborativa para “compilar um arquivo abrangente a ser apresentado ao promotor do tribunal”, disse a nota.

A sede do TPI (Tribunal Penal Internacional), na cidade holandesa de Haia, em registro de 2016 (Foto: Wikimedia Commons)

“Além do assassinato de Abudaqa pelas forças de ocupação israelitas na Faixa de Gaza, o processo legal também abrangerá ataques recorrentes às tripulações da Rede que trabalham e operam nos territórios palestinianos ocupados e casos de incitação contra eles”, afirma a Al Jazeera.

O TPI está investigando tanto alegados crimes em território palestino quanto por palestinos em território israelense. Em 2021, os juízes do tribunal confirmaram sua jurisdição após a adesão das autoridades palestinas em 2015 e seu status de Estado observador na ONU (Organização das Nações Unidas). Israel não reconhece essa jurisdição sobre os territórios palestinos, contesta a autoridade do TPI e se recusa a cooperar com o tribunal.

O gabinete do procurador do TPI geralmente não comenta sobre investigações em andamento.

Dezenas de profissionais mortos

A guerra em Gaza, iniciada no dia 7 de outubro, resultou na morte de pelo menos 64 jornalistas e profissionais da mídia, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que está pedindo uma investigação independente para responsabilizar os agressores.

Entre os muitos casos, um repórter cinematográfico da Reuters, Issam Abdallah, de 37 anos, morreu no sul do Líbano em 13 de outubro após um ataque direcionado proveniente da fronteira israelense. Além dele, seis jornalistas ficaram feridos na ocasião.

A investigação inicial aponta que os repórteres não foram vítimas por acaso do bombardeio, mas sim alvos deliberados. Inclusive o veículo em que um grupo de profissionais estava, claramente identificado como “imprensa”, foi alvo de um ataque planejado, conforme alegam os investigadores.

Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que não têm a intenção deliberada de atingir jornalistas e estão conduzindo uma investigação do incidente.

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