Conforme Israel e Hamas anunciavam um acordo de cessar-fogo na quarta-feira (15), os ataques aéreos israelenses continuavam a devastar Gaza, deixando pelo menos 82 mortos, de acordo com fontes médicas citadas pela rede Al Jazeera. Somente na Cidade de Gaza, ao menos 30 pessoas perderam a vida nas horas subsequentes ao anúncio.
Um dos ataques mais letais ocorreu na noite de quarta, quando uma casa próxima ao prédio da União dos Engenheiros, no norte da Faixa de Gaza, foi bombardeada, resultando na morte de 18 pessoas, conforme relatado pelo correspondente da Al Jazeera Arabic. No bairro Sheikh Radwan, também em Gaza, equipes de resgate retiraram os corpos de 12 vítimas dos escombros.

A rede BBC, igualmente citando autoridades palestinas como fonte, disse que foram registradas 81 mortes, com 188 feridos. destacou, ainda, que já passam de 46 mil o total de pessoas mortas desde que os ataques de Israel tiveram início, em outubro de 2023, em resposta à agressão do Hamas que matou cerca de 1,2 mil pessoas no território israelense.
Em outro incidente após o anuncio do cessar-fogo, um ataque de drone israelense em uma área central de Gaza matou cinco pessoas que estavam reunidas no acampamento de Bureij. Os ataques persistiram mesmo após a breve celebração da população local com a notícia do acordo, que trouxe um momento fugaz de alívio para muitos palestinos.
“Por algumas horas, este lugar se transformou em um palco de celebração, algo incomum, já que é mais conhecido como palco de funerais e espaço de tristeza pelas vítimas da guerra,” relatou Hani Mahmoud, correspondente no centro de Gaza.
No entanto, o cessar-fogo só entrará em vigor no próximo domingo (19), e o temor de novos ataques mantém a população em alerta. Nas últimas horas, surgiu inclusive a possibilidade de que o pacto seja suspenso, com acusações por parte de Israel de que o Hamas fez novas exigências que inviabilizam o acordo.
De acordo com a agência Associated Press (AP), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, citou uma “crise de última hora” como empecilho, sem dar maiores detalhes. A autoridade acrescentou que seu gabinete não pretende se reunir para aprovar o acordo até que o grupo radical palestino recue de sua tentativa de obter maiores concessões.
Tanto Israel quanto o Hamas reconhecem que ainda há detalhes pendentes para a finalização do acordo. Segundo a Al Jazeera, questões relacionadas à troca de prisioneiros palestinos e israelenses estão sendo discutidas. Atualmente, há mais de dez mil palestinos presos em Israel, sem contar os números não divulgados de detidos provenientes de Gaza.
Izzat al-Risheq, integrante do bureau político do Hamas, afirmou que o acordo atende a todas as condições impostas pelo grupo, incluindo a retirada completa das forças israelenses, o retorno dos deslocados às suas casas e o fim permanente da guerra na região. O início exato do cessar-fogo permanece incerto, mas ficou acertado inicialmente que a implementação ocorrerá em três fases.