Ataques aéreos russos na Síria deixam dois civis mortos, afirma monitor de conflitos

Ofensivas atingiram uma estação de bombeamento de água abandonada no noroeste do país arrasado, controlada por rebeldes

Dois ataques ocorridos na noite de terça-feira (22) próximo a Ain Shib, a oeste da cidade de Idlib, atingiram uma instalação habitada por sírios deslocados, conforme relatado por um correspondente da agência AFP presente no local. As informações são da rede France24.

Rami al-Dandal, voluntário dos Capacetes Brancos, uma equipe de resposta a emergências e resgate em áreas afetadas por conflitos na Síria, informou que “dois civis, ambos homens, foram mortos nos ataques, e outros cinco civis ficaram feridos, incluindo uma mulher e duas crianças”. Uma das vítimas tinha 18 anos e o outro era idoso, detalhou a fonte.

A intervenção de Moscou no conflito sírio desde 2015 auxiliou Damasco na recuperação de grande parte do território que havia sido perdido para as forças rebeldes durante o início do conflito civil de 12 anos.

Destroços deixados por bombardeio em Idlib, Síria, em setembro de 2019 (Foto: UN Photo/Omar Haj Kadour)

A região de Idlib, sob controle dos rebeldes, abriga aproximadamente três milhões de pessoas, com cerca da metade sendo deslocadas de outras áreas do país.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, grupo britânico de monitoramento que conta com informantes no país árabe, informou que os ataques nas proximidades de Ain Shib visaram “instalações militares associadas ao Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), organização extremista associada à Al-Qaeda e listada pelo governo norte-americano como terrorista. Eles também relataram o mesmo número de vítimas fatais.

Outros ataques aéreos russos durante a noite tiveram como alvo a cidade de Ariha, localizada ao sul de Idlib, de acordo com o correspondente da AFP e o Observatório.

O HTS, liderado pelo antigo braço sírio da Al-Qaeda, controla áreas na província de Idlib, além de partes das províncias vizinhas de Latakia, Hama e Aleppo.

Na terça-feira, ataques aéreos russos atingiram uma base controlada por rebeldes ao norte de Idlib, resultando na morte de três membros do HTS. Além disso, sete combatentes e cinco civis ficaram feridos nesse ataque, de acordo com o Observatório.

No dia anterior, ataques aéreos russos nos arredores da cidade de Idlib resultaram na morte de 13 combatentes do HTS e deixaram vários outros feridos.

O HTS é conhecido por realizar frequentes ataques fatais contra soldados e forças pró-governo, enquanto as forças russas têm alvejado repetidamente a região de Idlib.

Por que isso importa?

A guerra civil na Síria, que já dura mais de 12 anos, opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, à Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. Mais de 600 mil pessoas já morreram durante a guerra, que varreu a nação e deslocou mais da metade da população, que era de 23 milhões de pessoas.

Desde 2011, a oposição e líderes ocidentais exigem a queda de Assad, a quem acusam de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.

Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.

Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI) não fazem parte do pacto.

Apesar da trégua, ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados.

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