Atos de violência na Cisjordânia resultam na morte de um cidadão americano

Desde domingo, as tropas de ocupação israelenses estão impondo um forte cerco à cidade ocupada de Jericó

Elan Ganeles, um cidadão norte-americano de dupla nacionalidade, foi morto durante um ataque a tiros na Cisjordânia na segunda-feira (27), de acordo com a rede Fox News. A informação foi reforçada pelo embaixador dos Estados Unidos em Israel, Tom Nides, em sua conta no Twitter.

“Infelizmente, posso confirmar que um cidadão americano foi morto em um dos ataques terroristas na Cisjordânia esta noite. Eu oro por sua família”, tuitou o diplomata.

A morte de Ganeles, 27 anos, natural do Estado de Connecticut e que estava visitando Israel para o casamento de um amigo, é a mais recente de uma onda de violência que tirou a vida de vários israelenses e palestinos. Ele foi baleado em uma rodovia amplamente usada por turistas que cruza a Cisjordânia em direção ao Mar Morto.

Carros foram queimados na via principal em Hawara (Foto: Twitter/Reprodução)

Segundo o exército israelense, um grupo armado abriu fogo contra um carro perto da cidade palestina de Jericó, atingindo Ganeles, que era o motorista. Os agressores atearam fogo no veículo e fugiram.

A violência aumentou no último fim de semana no território depois que um atirador palestino deu disparos fatais contra os irmãos israelenses Hillel e Yagel Yaniv, de 21 e 19 anos, que viviam no assentamento judaico de Har Bracha. O assassino está foragido. 

O assassinato dos irmãos levou cerca de 400 colonos israelenses a invadirem a via principal em Hawara no domingo (26), que é usada tanto por palestinos quanto pelos campesinos de Israel. 

Após os atos, a via amanheceu na segunda-feira repleta de filas de carros incendiados e prédios manchados pela fumaça. O comércio não abriu as portas. De acordo com a mídia palestina, aproximadamente 30 casas e carros foram consumidos pelas chamas.

Segundo a agência Associated Press, 62 palestinos, sendo metade identificada como militantes da Jihad Islâmica, e 14 israelenses foram mortos desde o início do ano. O Conselho de Segurança da ONU (Organização da Nações Unidas) anunciou que está discutindo a violência na região.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, se pronunciou sobre a situação. Ele disse que Washington espera que o país do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu identifique e responsabilize os agressores, os quais classificou como “extremistas“.

“A responsabilidade e a Justiça devem ser buscadas com o mesmo rigor em todos os casos de violência extremista”, disse Price.

Apelo humanitário

No final de janeiro, Tor Wennesland, principal funcionário da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, disse que está “profundamente alarmado e triste” com o ciclo contínuo de violência na Cisjordânia ocupada, depois que nove palestinos foram mortos durante um ataque militar israelense.

Wennesland descreveu as mortes, ocorridas durante um intenso tiroteio em um campo de refugiados na cidade de Jenin, como outro “exemplo gritante” da escalada da violência. Mulheres estão entre as vítimas.

No final de janeiro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) lançou, juntamente com parceiros humanitários que trabalham no território palestino ocupado, um apelo de US$ 502 milhões para apoiar cerca de 1,6 milhão dos mais vulneráveis que vivem lá.

O Plano de Resposta Humanitária de 2023 estima que 2,1 milhões de palestinos precisam de assistência. Eles representam 58% da população em Gaza e um quarto das pessoas que vivem na Cisjordânia, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, informando jornalistas no briefing diário regular em Nova York.

Ele observou que o plano financiaria mais de 200 projetos, “que ajudarão as pessoas a acessar serviços essenciais, como alimentação, água, saúde e educação, além de formas de ganhar a vida e apoio para melhorar seu bem-estar físico e mental. ”

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