Crianças são as principais vítimas de bloqueio ilegal em Gaza, segundo ONG

De acordo com a Human Rights Watch, a recusa de Israel em fornecer água, combustível e eletricidade coloca vidas inocentes em risco

A ONG Human Rights Watch (HRW) instou na quarta-feira (18) o governo israelense a encerrar imediatamente seu bloqueio total à Faixa de Gaza, alegando que as crianças palestinas são especialmente afetadas pela escassez de itens essenciais gerada pelo desabastecimento do enclave.

O cerco, considerado uma punição coletiva, é classificado como um crime de guerra. E, diante desse cenário, a HRW instou autoridades israelenses a permitirem a entrada de alimentos, assistência médica, combustível, eletricidade e água “desesperadamente necessários” em Gaza, bem como a facilitar a saída de civis doentes e feridos para receber tratamento médico em outro local.

“O bombardeio de Israel e o bloqueio total ilegal de Gaza significam que inúmeras crianças feridas e doentes, entre muitos outros civis, morrerão por falta de cuidados médicos”, disse Bill Van Esveld, diretor associado dos direitos da criança da HRW. “O presidente dos EUA, Joe Biden, que está hoje em Israel, deveria pressionar as autoridades israelenses para levantarem completamente o bloqueio ilegal e garantir que toda a população civil tenha acesso imediato a água, alimentos, combustível e eletricidade.”

Embora Israel tenha dado na quarta sinal verde para a entrega de alimentos, água e remédios no enclave a partir do Egito, a falta de energia, combustível para operar usinas ou geradores locais e a ausência de ajuda para o norte da região não atendem adequadamente às necessidades da população de Gaza, onde mais de 80% das pessoas dependem de ajuda humanitária.

Menino se abraça à mãe em Gaza (Foto: Creative Commons)

Os hospitais na região estão superlotados com vítimas dos ataques aéreos israelenses, dificultando o atendimento a crianças e outros pacientes.

Na terça-feira (17), um ataque atingiu o Hospital Al Ahli na cidade de Gaza, causando várias vítimas. O Hamas atribuiu a responsabilidade a Israel, enquanto o governo israelense afirmou que foi resultado de uma falha no lançamento de um foguete por militantes palestinos. A HRW conduz uma investigação própria sobre o incidente.

Autoridades de saúde pública alertam que a escassez de água, a contaminação de áreas por esgoto e a incapacidade de armazenar com segurança muitos corpos nos necrotérios podem desencadear um surto de doenças infecciosas.

Já a falta de equipamentos médicos, suprimentos e medicamentos, diante do grande número de vítimas, resulta em mortes que poderiam ser evitadas nos hospitais da Faixa de Gaza. De acordo com o médico Midhat Abbad, diretor-geral de saúde no enclave, mais de 60% dos pacientes são crianças.

No domingo (15), um médico estagiário de pronto-socorro do hospital Al Aqsa descreveu que a UTI (unidade de terapia intensiva) estava superlotada e todos os ventiladores estavam em uso. Segundo o relato, uma criança precisava de um ventilador devido a um traumatismo cranioencefálico, mas havia apenas um disponível, forçando a equipe médica a fazer a difícil escolha de qual criança tratar, resultando na morte da outra.

Até quarta-feira, o Ministério da Saúde palestino relatou um total de 3.478 locais mortos. O grupo de direitos palestinos Defense for Children International – Palestina relatou que mais de mil crianças estão entre as vítimas.

Hamas diz que 70% das vítimas dos ataques de Israel são crianças e mulheres

Abdul Latif Al-Qanou, porta-voz do Hamas, declarou que mais de 70% das vítimas palestinas na Faixa de Gaza, devido à agressão israelense, são mulheres e crianças, repercutiu o site independente Middle East Monitor. Al-Qanou também mencionou que considera a ação israelense uma “ocupação criminosa”, que continua a atacar civis.

Ele enfatizou que a resistência e as Brigadas Qassam “estão determinadas a resistir”, e que a vontade deles é “mais forte do que a força destrutiva da ocupação”, e que, independentemente da duração da batalha, os militantes acreditam que “o inimigo será derrotado”. Além disso, o porta-voz destacou que os pedidos de socorro vindos da Faixa de Gaza não refletem adequadamente a gravidade da situação no local.

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