As autoridades iranianas anunciaram na terça-feira (18) que Craig e Lindsay Foreman, dois cidadãos britânicos detidos no mês passado no sul do Irã, foram formalmente acusados de espionagem. O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido declarou estar “profundamente preocupado” com as acusações e afirmou que segue discutindo o caso com Teerã. A informação foi divulgada pelo porta-voz do Judiciário iraniano, Asghar Jahangir, e reproduzida pela rede Deutsche Welle (DW).
Segundo Jahangir, o casal entrou no Irã “se passando por turistas” e foi preso na província de Kerman enquanto supostamente coletava informações pelo país. Eles estão sob custódia da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) e são acusados de manter vínculos com serviços de inteligência de “países hostis”.
Craig e Lindsay Foreman são um casal britânico na casa dos 50 anos que realizava uma viagem de moto ao redor do mundo. Conforme postagens em redes sociais, eles entraram no Irã vindos da Armênia, em dezembro, e planejavam seguir para o Paquistão antes de continuarem sua jornada rumo à Austrália.

O governo britânico já havia confirmado, na semana passada, que estava prestando assistência consular aos dois cidadãos detidos e que mantinha contato com as autoridades iranianas. O embaixador do Reino Unido no Irã, Hugo Shorter, encontrou-se com o casal no escritório do promotor de Kerman na última semana.
O caso se insere em um contexto mais amplo de detenções de cidadãos estrangeiros e iranianos com dupla nacionalidade sob acusações de segurança nacional. Nas últimas décadas, dezenas de ocidentais foram presos pelo governo iraniano, muitas vezes sob alegações de espionagem.
Países ocidentais acusam o Irã de utilizar essas detenções como moeda de troca em negociações diplomáticas, um mecanismo frequentemente descrito como “diplomacia de reféns”. Teerã nega essas alegações e sustenta que todas as prisões são feitas com base em investigações legítimas.
O Reino Unido tem um histórico conturbado com o Irã em relação à detenção de seus cidadãos. Um dos casos mais conhecidos foi o de Nazanin Zaghari-Ratcliffe, uma britânica-iraniana presa em 2016 e libertada apenas em 2022, após longas negociações diplomáticas.
A prisão dos Foreman acontece em meio a tensões crescentes entre o Irã e o Ocidente, em especial após o colapso do acordo nuclear de 2015 e a imposição de sanções mais rígidas por parte dos Estados Unidos e seus aliados.
Até o momento, não há informações sobre uma possível data para o julgamento do casal, nem detalhes sobre as evidências que sustentam as acusações de espionagem.