Irã confirma a prisão de cidadão sueco que trabalha para a União Europeia

Johan Floderus foi detido em abril, quando se preparava para deixar o país, e vem sendo acusado de 'espionagem' por Teerã

O governo do Irã confirmou nesta terça-feira (12) que Johan Floderus, um sueco de 33 anos que trabalha no corpo diplomático da União Europeia (UE), está preso no país árabe desde abril deste ano, acusado de “espionagem” . As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

“O cidadão sueco foi legalmente preso após um inquérito preliminar, e os resultados de uma investigação completa sobre o seu caso serão divulgados nos próximos dias”, disse o porta-voz do Judiciário iraniano, Masud Setayeshi, na primeira declaração pública de uma autoridade local sobre o assunto.

Embora a prisão tenha ocorrido há mais de 500 dias, somente na semana passada a UE confirmou a ocorrência, após ela ter sido revelada em primeira mão pelo jornal The New York Times.

“Este caso também deve ser visto no contexto do número crescente de detenções arbitrárias envolvendo cidadãos da UE”, disse no início do mês Nabila Massrali, porta-voz da Comissão Europeia. “Aproveitamos e continuaremos a aproveitar todas as oportunidades para levantar a questão junto das autoridades iranianas e obter a libertação de todos os cidadãos da UE detidos arbitrariamente.”

Johan Floderus, sueco preso no Irã sob a acusação de espionagem (Foto: reprodução/Facebook pessoal)

Como destacou Massrali, a detenção aparentemente segue um arbitrário padrão do Irã, que mantém vários estrangeiros presos sob acusações espúrias. Ativistas de direitos humanos acusam Teerã de agir dessa maneira para usar os detidos como moeda de troca com o Ocidente, na tentativa de obter concessões de países que impuseram sanções econômicas ou de realizar trocas de prisioneiros.

O caso de Floderus, porém, chama atenção pelo fato de ele ser funcionário da UE. A prisão, no entanto, teria ocorrido durante uma viagem a turismo, quando o sueco visitava o Irã com um grupo de amigos. Ele foi detido no aeroporto de Teerã no momento em que se preparava para deixar o país, em 17 de abril.

No último domingo (10), por conta do aniversário de 33 anos de Floderus, a família dele publicou um comunicado e divulgou uma foto feita durante uma ligação por vídeo autorizada pelo governo iraniano.

De acordo com os familiares, o funcionário da UE “passou mais de 300 dias em confinamento solitário”, que configuraria “flagrante desrespeito às diretrizes internacionais.” O texto diz ainda que ele “deveria ser liberado imediatamente e autorizado a viajar para casa.”

Relações estremecidas

As relações entre Suécia e Irã passam por um momento ruim. Estocolmo recentemente condenou um alto funcionário iraniano, Hamid Noury, à prisão perpétua por crimes de guerra. Ele foi julgado com base no conceito de jurisdição universal, que permite levar ao tribunal cidadãos estrangeiros por crimes graves cometidos em qualquer nação, como genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade.

O Irã, por sua vez, recentemente executou um cidadão sueco-iraniano, o dissidente Habib Chaab, que vivia na Suécia há mais de uma década. Ele foi sequestrado por agentes iranianos durante uma visita à Turquia em 2020 e levado a Teerã, onde foi julgado, condenado e morto.

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