Combates em Gaza se espalham pelos hospitais, onde ‘não há como entrar e sair’

OMS afirma que apenas 14 hospitais ainda funcionam em Gaza, sete no norte e sete no sul, todos com enormes necessidades

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Em meio aos contínuos combates intensos em Gaza na manhã desta terça-feira (23), incluindo relatos de ataques a hospitais na cidade de Khan Younis, no sul, os humanitários da ONU (Organização das Nações Undias) expressaram profunda preocupação com os pacientes e outras pessoas que procuravam tratamento e que “não tinham como entrar e sair”.

Falando em Genebra, Christian Lindmeier, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), confirmou que o Hospital Al-Khair era “um dos dois hospitais que estão sendo invadidos”, enquanto o Hospital Nasser está agora “basicamente sitiado” e “não há como entrar e sair”. 

“Eu sei que deve ser um cenário horrível no terreno, com as pessoas sem saber o que os próximos minutos trarão”, disse Lindmeier

Palestinos transportam os feridos para o Hospital Indonésio em Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, em 9 de outubro de 2023 (Foto: WikiCommons)

O porta-voz da OMS acrescentou que apenas 14 hospitais ainda funcionam em Gaza, sete no norte e sete no sul, onde as necessidades de saúde são enormes após mais de três meses de bombardeios pesados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), desencadeados pelo ataque terrorista do Hamas em Israel que deixou cerca de 1,2 mil mortos e aproximadamente 250 feitos reféns. 

O desenvolvimento segue-se a um alerta no X, antigo Twitter, do chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na noite de segunda-feira (22), sobre relatos de “combates contínuos” perto de hospitais em Kheir Younis, onde a violência impediu que “pessoas recentemente feridas fora dos hospitais fossem alcançadas e recebessem cuidados.”

A situação é “absolutamente inaceitável e não é aquela pela qual qualquer unidade de saúde em qualquer parte do mundo deveria passar”, insistiu Lindmeier, observando que cerca de 20 hospitais já não funcionam em Gaza.

Comboios de ajuda retidos

Sublinhando a terrível situação humanitária no enclave, o porta-voz da OMS descreveu o quão desesperados e famintos os habitantes de Gaza se tornaram, na sua busca por alimentos.

“Um dos comboios transportava principalmente combustível para hospitais, mas as pessoas o seguravam enquanto ele tentava avançar e tentar sair e pegar a estrada várias vezes porque estavam desesperados em busca de comida”, afirmou ele.

Fazendo eco desse aviso, o Programa Alimentar Mundial (PMA) alertou que mais de meio milhão de pessoas em Gaza continuam a enfrentar “níveis catastróficos de insegurança alimentar”.

O risco de fome aumenta a cada dia, à medida que o conflito continua a limitar a prestação de assistência alimentar que salva vidas, disse Abeer Etefa, oficial sênior de comunicações e porta-voz do PMA para o Oriente Médio e o Norte de África.

“É a maior concentração de pessoas em condições que parecem ser de fome em qualquer lugar do mundo. E também a rapidez com que chegamos a este ponto é extremamente preocupante”, declarou Etefa.

A porta-voz do PMA também observou que as crianças que foram evacuadas para tratamento no lado egípcio da fronteira pareciam desnutridas, abaixo do peso e “extremamente magras”.

Ela acrescentou: “Se não tivermos uma pausa mais humanitária, um cessar-fogo, mais acesso às pessoas, nós veremos, você sabe… essas pessoas já estão morrendo de fome e estarão em uma situação muito difícil”.

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