Conflito em Gaza completa cem dias com mais de dez mil crianças mortas

Dados apresentados por ONG revelam que essas perdas correspondem a 1% da população infantil total no enclave palestino

Mais de dez mil crianças morreram nos cem primeiros dias de conflito na Faixa de Gaza, vítimas de ataques aéreos e operações terrestres israelenses, conforme informado pelo Ministério da Saúde palestino. Além disso, milhares delas estão desaparecidas, presumivelmente soterradas sob os destroços, de acordo com a ONG Save the Children.

Os dados mais recentes indicam que essas perdas representam 1% da população total de crianças em Gaza, que é de 1,1 milhão. Esse trágico cenário começou com um ataque a Israel em 7 de outubro, o que levou a uma resposta militar israelense em vigor até o momento. A guerra alcança a marca de cem dias neste domingo (14).

As crianças sobreviventes enfrentam horrores, incluindo lesões graves, amputações e perda de entes queridos, sem um lugar seguro para ir. Cerca de mil crianças perderam uma ou ambas as pernas, muitas sem anestesia.

Protesto realizado em outubro condena a agressão às crianças em Gaza (Foto: WikiCommons)

Em relato à ONG, Lana, uma menina de 11 anos em Rafah, sul de Gaza, falou dos impactos devastadores da guerra, tendo que deixar sua casa e enfrentar desafios.

“A guerra nos afetou muito. Tivemos que deixar nossas casas e não pudemos fazer nada. Aprendemos muitas coisas durante a guerra, como a importância de economizar água. Espero que a guerra termine e que vivamos em paz e segurança”, disse.

Matemática da crise humanitária

Desde o ataque a Israel em 7 de outubro, mais de 40% das vítimas em Gaza são crianças. Nos cem dias de violência, a Save the Children destacou registros alarmantes de violações contra crianças, incluindo danos a 370 escolas e 94 hospitais em Gaza.

Aproximadamente 1,1 milhão de crianças no enclave enfrentam falta de acesso à assistência humanitária adequada. Além disso, houve sequestros de crianças em Israel, bem como 33 menores israelenses mortos, segundo dados do Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) e de autoridades israelenses.

1% das crianças perdeu a vida

Jason Lee, diretor da Save the Children para o território palestino ocupado, manifestou preocupação com a situação em Gaza, onde, em média, cem crianças são mortas a cada dia sem um cessar-fogo definitivo. Ele condenou veementemente o “impacto monstruoso” desse conflito nas crianças, destacando que, por quase cem dias, elas têm sido “vítimas de um confronto do qual não fazem parte.”

Lee ressaltou que 1% da população infantil de Gaza já foi morta devido a bombardeios e operações terrestres israelenses, enquanto outras enfrentam riscos iminentes de fome e doença. E alertou para a devastação completa da infraestrutura, incluindo casas, escolas e hospitais, que compromete irremediavelmente o futuro das crianças que sobrevivem.

Apesar do alto número de vítimas infantis, o diretor criticou a “falta de ação da comunidade internacional diante das violações contínuas.”

Diante de tal cenário, a Save the Children instou todas as partes envolvidas a concordarem com um cessar-fogo definitivo, enfatizando a necessidade urgente de salvar e proteger as vidas das crianças em Gaza.

Além disso, o governo de Israel foi exortado a permitir o fluxo irrestrito de ajuda humanitária e a retomada do transporte de bens comerciais para evitar que as crianças enfrentem morte por fome e doença.

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