Escorados nos direitos humanos, Scholz e Macron traçam estratégia para apoiar oposição síria

Ocidente discute como lidar com a transição, equilibrando questões humanitárias e de segurança no trato com rebeldes no poder

Após 13 anos de guerra civil devastadora, que deixou mais de meio milhão de mortos e milhões de deslocados, a Síria entrou em um novo capítulo de sua história. No último domingo (8), forças rebeldes lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) depuseram o presidente Bashar al-Assad e assumiram o controle do país. O evento marca o fim de um regime amplamente condenado por transparência de direitos humanos, mas levanta sérias questões sobre os próximos passos políticos e humanitários no território. As informações são do Politico.

A queda de Assad, que governava a Síria com mão de ferro desde 2000, foi recebida como um movimento de ruptura por muitos líderes ocidentais. Em comunicado conjunto, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente francês Emmanuel Macron saudaram o fim do regime, classificando-o como responsável por “terrível sofrimento ao povo sírio e grandes danos ao país”.

No entanto, a transição não será simples.

Vista aérea de Damasco, capital síria (Foto: WikiCommons)

O HTS, grupo que lidera as forças rebeldes, é uma organização classificada como terrorista pelos Estados Unidos e Reino Unido. Embora tenha rompido formalmente com a Al-Qaeda em 2016, seu líder, Abu Mohammed al-Golani, ainda enfrentou resistência internacional. Nos últimos anos, al-Golani tentou reformular a imagem do grupo, buscando parecer mais moderado, mas a dúvida sobre seus reais interesses persiste.

Enquanto Alemanha e França se mostraram dispostos a dialogar com os novos governantes sírios “com base nos direitos humanos fundamentais e na proteção de minorias étnicas e religiosas”, outras nações adotaram uma postura mais cautelosa. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que é “muito cedo” para considerar a revisão da designação terrorista do HTS.

Além disso, a questão dos refugiados sírios volta ao centro do debate europeu. França, Alemanha e Reino Unido suspenderam temporariamente o processamento de pedidos de asilo, enquanto a Áustria anunciou que receberá migrantes repatriados para a Síria, alegando que o país agora está sob “novas condições”.

O desafio interno na Síria

Apesar da mudança de poder, o caminho para a estabilização da Síria ainda parece longo. A guerra civil deixou o país em ruínas, com infraestrutura destruída e uma economia devastada. Além disso, a pluralidade étnica e religiosa do território exige uma abordagem política inclusiva para evitar conflitos novos internos.

Analistas alertam que o HTS terá que provar o seu comprometimento com a segurança nacional e com a proteção de direitos fundamentais para conquistar a confiança da comunidade internacional.

Tags: