O Afeganistão vive um “fenômeno em evolução de apartheid de gênero” que precisa ser devidamente resolvido. A afirmação é do relator especial sobre a situação de direitos humanos no país, Richard Bennett, que participou de diálogo interativo com o Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) na segunda-feira (11).
Já o alto-comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, afirmou na terça-feira (12) que “o nível chocante de opressão contra mulheres e meninas afegãs é incomensuravelmente cruel.”
Turk disse que “os direitos humanos no Afeganistão passam por um estado de colapso”, afetando a vida de milhões de pessoas.

Medidas firmes e decisivas são necessárias
No diálogo interativo, Bennet disse que a discriminação sistemática, generalizada e institucionalizada estabelecida no país tem o objetivo de excluir as mulheres de todas as facetas da vida.
Ele pediu mais uma vez ao regime Taleban que reverta suas “políticas draconianas e misóginas” e permitam que as mulheres trabalhem e administrem empresas. E enfatizou o apelo para reabertura de escolas e universidades com um currículo que atenda aos padrões internacionais.
O especialista disse que “lamentavelmente, o Afeganistão tornou-se um lugar onde as vozes das mulheres desapareceram completamente.”
Bennet afirmou que, mais de dois anos após a tomada do poder pelos talibãs, o povo afegão se deparou com “uma crise humanitária e com um regime de fato que eviscerou os direitos, as oportunidades de vida e a dignidade das mulheres e meninas.”
Segundo ele, a perseguição de gênero pelo Taleban atingiu um novo patamar de “apartheid de gênero”. O relator pediu ao Conselho que adote medidas firmes e decisivas para resolver a crise dos direitos humanos no Afeganistão.
Táticas brutais
Relatórios recentes revelam que a atitude extremista do Taleban em relação aos direitos humanos permaneceu inalterada, com mais de 800 ex-funcionários do governo e forças de segurança nacional sendo vítimas de “táticas brutais.”
No debate com Estados-Membros, diversos oradores manifestaram preocupação com as condições humanitárias, de direitos humanos e socioeconômicas cada vez mais preocupantes no país, afirmando que a situação das mulheres e meninas está se tornando cada vez mais grave.
Os debates indicaram que as violações e abusos sistemáticos seguem impunes, os direitos à educação e à expressão cultural e artística estão sendo suprimidos e as detenções arbitrárias e as execuções extrajudiciais continuaram crescendo.