Grupos pró-Irã contestam reabertura de fronteira entre Iraque e Arábia Saudita

Reabertura simboliza passo fundamental para relações entre Bagdá e Riad; países restauraram laços em 2017

Os grupos xiitas pró-Irã condenaram a reabertura do posto de fronteira de Arar, a principal rota entre o Iraque e a Arábia Saudita, nesta quarta (18), apontou a Al-Jazeera.

Para os apoiadores de Teerã, os sauditas – grandes rivais do Irã – buscam “colonizar” o Iraque sob o pretexto de aumentar investimento e comércio. A provocação, no entanto, não impediu a abertura do posto fechado há 30 anos na cidade iraquiana de An-Nukhaib, na província de Anbar.

A Arábia Saudita impossibilitou o acesso à rota ainda em 1990, quando o líder iraquiano Saddam Hussein invadiu o Kuwait. Desde então, os sauditas só abriam a fronteira para a peregrinação religiosa do Hajj, uma vez por ano.

A reabertura é simbólica para relações entre Bagdá e Riad, que restauraram os laços diplomáticos em 2017 em um conselho bilateral.

Arábia Saudita e Iraque reabrem rota comercial fechada há 30 anos
Sinalização próxima ao posto de fronteira de Arar, entre o Iraque e a Arábia Saudita, reaberto em novembro de 2020 após 30 anos de fechamento (Foto: Twitter/ICCIA)

Otimismo

Bem vista por boa parte da população, a decisão já gera otimismo nos dois lados da divisa. Correspondentes da Associated Press registraram uma ligeira fila de carros e caminhões na quarta, antes da abertura da passagem.

Com o acesso em Arar, as autoridades iraquianas esperam impulsionar a atividade comercial afetada pela crise de liquidez, acentuada desde o início da pandemia.

Já a Arábia Saudita vê a abertura como uma tentativa de retornar ao mercado iraquiano. Em crise industrial e agrícola, a maior parte dos fornecimentos do Iraque vem de produtos turcos e iranianos.

Os grupos pró-Irã são contrários à reaproximação do primeiro-ministro Mustafa al-Kadhimi a Riad. No cargo desde maio, o político impôs a meta de melhorar as relações com os sauditas.

Além de Arar, al-Kadhimi afirmou que existem “vários acordos de investimentos” a caminho entre os dois países, sobretudo nos setores de energia e saúde.

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