Ex-chanceler e mediador de conflitos, emir do Kuwait morre aos 91

Xeique Sabah Al-Ahmed Al-Sabah morreu nesta terça (29) por problemas de saúde; diplomacia é seu principal legado

Conhecido por sua trajetória de pacificação, o emir do Kuwait, xeique Sabah Al-Ahmed Al-Sabah, morreu nesta terça (29) aos 91 anos. Ele estava hospitalizado desde julho nos EUA e vinha sofrendo complicações de saúde desde agosto do ano passado.

O ministro dos Assuntos Reais, xeique Ali Jarrah al-Sabah, anunciou a morte em uma transmissão televisiva. “Com grande tristeza e pesar lamentamos a morte do emir do Estado do Kuwait”, disse. Antes de encerrar, o ministro leu um trecho do Alcorão, informou a Al-Jazeera.

Com trajetória de pacificação, emir do Kuwait Sabah morre aos 91 anos
Emir do Kuwait, Sheikh Sabah, em 2009 (Foto: Casa Branca/Reprodução)

Conhecido como um dos pioneiros na diplomacia no Golfo Pérsico, Sabah foi ministro das Relações Exteriores do Kuwait de 1963 a 2003. Neste período, participou da mediação de conflitos como a guerra civil do Líbano (1975-1990), entre a Palestina e a Jordânia e entre o Paquistão e Bangladesh.

Nos últimos anos de vida, já como chefe do país, convocou reuniões para tentar mediar a guerra civil iemenita, que já dura cinco anos.

Desde a internação, em julho, o seu meio-irmão, xeique Nawaf Al-Ahmed Al-Sabah, 83, assumiu as funções e deveres do país. Com a morte do emir, o líder interino tomou posse ao cargo de premiê nesta terça (29).

Legado de Sabah

Por meio da diplomacia, o líder pressionou o Kuwait a estreitar laços com o Iraque após a Guerra do Golfo de 1990, e evitou o conflito armado após os boicotes ao Catar, em 2017, quando foi o principal mediador da disputa.

Na proposição de soluções para crises regionais, o ex-premiê kuwaiti negociou com oponentes em disputas políticas internas, buscou manejar as consequências dos protestos da Primavera Árabe, em 2011, e os preços oscilantes do petróleo bruto, a principal fonte de receita do país.

“Ele representa a geração mais velha dos líderes do Golfo, que valorizavam a discrição e moderação”, disse a acadêmica do Instituto dos Estados do Golfo Árabe de Washington, Kristin Diwan, à Al-Jazeera.

Nomeado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como um líder humanitário, em 2014, o emir teve seus trabalhos reconhecidos em todo o mundo.

“A maneira com que conciliou com o Iraque ao prometer milhões para a reconstrução do país é o principal motivo para o emir ser conhecido até hoje como um homem sábio”, disse o sultão Barakat.

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