Com nove seguidores, homem criticou governo saudita em rede social e foi condenado à morte

O perfil do condenado no X, plataforma anteriormente conhecida como Twitter, contava com apenas nove seguidores

Um tribunal na Arábia Saudita condenou à pena de morte um crítico do governo que fez publicações nas plataformas de mídia social X, antigo Twitter, e YouTube. A sentença aplicada a Mohammed bin Nasser al-Ghamdi é parte de um esforço liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para silenciar vozes de oposição no país. As informações são da rede CBS News.

As acusações contra a al-Ghamdi incluem “apostasia religiosa”, “ameaça à segurança da sociedade”, “conspiração contra o governo” e “difamação do reino e do príncipe herdeiro”. A decisão foi dada em julho pelo Tribunal Penal Especializado, um órgão secreto estabelecido em 2008 para julgar casos de terrorismo, conhecido por histórico de julgamentos injustos resultando em sentenças de morte.

Saeed al-Ghamdi, irmão de Mohammed e ativista exilado da Arábia Saudita, afirmou que o caso contra Mohammed se baseou, ao menos em parte, em postagens críticas ao governo e de apoio a “prisioneiros de consciência” no X. Isso incluiu os clérigos Salman al-Awda e Awad al-Qarni.

A conta de Mohammed al-Ghamdi tinha apenas nove seguidores, de acordo com o Centro do Golfo para os Direitos Humanos.

Principe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, durante cúpula bilateral no Brasil em 2019 (Foto: Foto: Alan Santos/PR)

Lina al-Hathloul, chefe de monitoramento e comunicação do grupo de direitos humanos ALQST, declarou: “Os tribunais sauditas estão intensificando a repressão, tornando vazias suas promessas de reforma. Como podemos acreditar em reformas quando um cidadão enfrenta a decapitação por tuítes de uma conta anônima com menos de dez seguidores?”.

A sentença gerou críticas internacionais imediatas, sendo classificada por grupos de direitos humanos como uma “grave escalada repressiva”. A Arábia Saudita é uma das principais executoras do mundo, tendo registrado o maior número de execuções em 30 anos no último ano.

No entanto, o caso de al-Ghamdi parece ser o primeiro de pena de morte por conduta online nesta atual repressão, e destaca o crescente controle na monarquia teocrática islâmica contra críticas nas redes sociais, mesmo em contas com poucos seguidores.

Apesar dos esforços governamentais de reforma sob a agenda “Visão 2030” do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que tem o objetivo de converter o outrora fechado reino em um destino global para o turismo e negócios, persistem preocupações sobre direitos humanos e a contenção da dissidência.

Riad recebe críticas constantes por seu alto uso da pena de morte, tendo executado 147 pessoas no ano passado, de acordo com a agência AFP. Em 2023, já ocorreram 94 execuções.

As reportagens veiculadas pela mídia estatal não detalham o método de execução, mas no passado, as decapitações eram comuns.

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