Irã diz que frustrou sabotagem israelense contra programa de mísseis balísticos

Teerã afirma que Israel buscou sabotar seu programa de mísseis usando componentes estrangeiros defeituosos que apresentavam risco de explosão

O Irã acusou Israel de tentar sabotar seu programa de mísseis balísticos usando peças estrangeiras defeituosas que poderiam causar explosões, danos ou destruição das armas antes de serem utilizadas. As informações são da agência Al Jazeera.

O gabinete do primeiro-ministro israelense se recusou a comentar a imputação, que surge em meio aos esforços de longa data de Israel e dos Estados Unidos contra Teerã. A televisão estatal iraniana também relatou que as peças poderiam ser utilizadas em seu extenso arsenal de drones, que ganhou destaque devido ao uso pela Rússia na guerra contra a Ucrânia.

Uma reportagem veiculada pela TV estatal descreveu a operação de Tel Aviv como “uma das maiores tentativas de sabotagem já enfrentadas pelo Irã”, que acusa agentes do Mossad, serviço de inteligência israelense. As imagens mostradas pelo veículo oficial exibiram as tais peças defeituosas, identificadas no relatório como “conectores” de baixo custo.

Míssil balístico exibido em desfile de comemoração da Semana da Sagrada Defesa, que lembra a guerra entre Irã e Iraque, Teerã, 2019 (Foto: WikiCommons)

As peças apresentadas no noticiário pareciam ser conectores elétricos circulares de alta densidade, no estilo militar. Esses conectores têm a finalidade de unir componentes eletrônicos de mísseis ou drones, como os sistemas de orientação, para transmitir eletricidade e sinais. No passado, o Irã já havia mostrado cientistas de mísseis trabalhando com conectores semelhantes em um vídeo.

O correspondente militar da televisão estatal, Younes Shadloo, explicou no relatório que essas peças foram supostamente colocadas em componentes que desempenham um papel vital na interconexão da rede de computadores dos “mísseis balísticos fabricados no Irã, bem como dos drones”.

“Aparentemente, a peça continha um kit explosivo modificado plantado nela e foi programada para explodir em um determinado momento”, detalhou.

A reportagem não esclareceu por que Teerã optou por adquirir esses conectores no exterior. No entanto, alguns sites iranianos que comercializam esse material indicam que os fabricados na Rússia são considerados “os melhores do mercado”. Moscou enfrenta sanções internacionais devido ao conflito iniciado contra Kiev, o que afetou o seu próprio fornecimento de componentes eletrônicos essenciais para sistemas de mísseis.

O vice-ministro da Defesa do Irã, Mehdi Farahi, acusou agentes inimigos de tentarem inserir um “circuito explosivo indetectável” nos mísseis, com o objetivo de fazê-los explodir em momentos específicos, conforme relatado pela agência de notícias IRNA.

Em maio de 2022, uma explosão foi registrada em Parchin, uma base militar iraniana crucial para o desenvolvimento de armas, localizada a leste de Teerã. Essa explosão resultou na morte de um engenheiro e feriu outro. Outras explosões também foram registradas, incluindo falhas no programa espacial iraniano, que há muito tempo é criticado por Washington por ser considerado um avanço no programa de mísseis balísticos da República Islâmica.

Por que isso importa?

Há muitas razões por trás das tensões constantes entre o Irã e Israel. Entre elas:

O Irã é predominantemente muçulmano xiita, enquanto Israel é um Estado judeu. Isso cria uma divisão religiosa e ideológica profunda na região.

Ambos os países têm influência em conflitos regionais, como a guerra na Síria e o apoio a grupos militantes em países vizinhos. Isso leva a rivalidades e competições pela influência na região.

As preocupações de Israel em relação ao programa nuclear do Irã têm levado a tensões, pois Tel Aviv vê a possibilidade de uma ameaça nuclear no futuro.

Israel acusa o Irã de apoiar grupos militantes, como o Hezbollah no Líbano, que representam ameaças diretas à segurança de Israel.

As declarações hostis e ameaçadoras de líderes políticos de ambos os lados também alimentam as tensões.

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