AIEA alerta: Irã tem material suficiente para construir “várias armas nucleares”

Chefe da agência diz que Teerã ainda não tem bomba atômica. E cabe ao Ocidente impedir que isso venha a acontecer

O Irã tem material suficiente para construir “várias armas nucleares”, e os esforços diplomáticos para conter os avanços do país árabe nesse sentido devem ser retomados com urgência. O alerta foi feito por Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), segundo informou a rede CNN.

Grossi falou na quarta-feira (25) a um subcomitê do Parlamento Europeu, antes de uma viagem planejada a Teerã. Ele afirmou que, embora o governo iraniano ainda não tenha construído uma arma nuclear, teria condições de fazê-lo.

Para atingir o eventual objetivo, o Irã precisaria de urânio enriquecido a mais de 90%. Atualmente, de acordo com o chefe da agência nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas), o país teria cerca de 70 kg de urânio enriquecido a 60%, mais uma tonelada a 20%.

O ex-presidente do Irã Hassan Rouhani e o então chefe do programa nuclear do país Ali Akbar Salehi, em inauguração do projeto nuclear de Teerã, janeiro de 2015 (Foto: Tasnim News Agency/Hossein Heidarpour)

Diante desse cenário, Grossi instou as nações ocidentais a adotarem um plano emergencial. Ele pediu um “diálogo político muito necessário” para compensar a probabilidade reduzida de retomada do Plano de Ação Conjunto Conjunto (JCPOA), o acordo nuclear assinado em 2015.

“Ninguém o declarou morto, mas nenhuma obrigação está sendo cumprida”, afirmou Grossi referindo-se ao acordo. “Todos os limites que existiam no JCPOA foram violados várias vezes”.

Desde 2021 têm se acumulado indícios de que o Irã tem aumentado seu estoque de material atômico. Em dezembro do ano passado, a AIEA disse que o país planejava instalar novas centrífugas em uma usina de enriquecimento de combustível, visando à produção de mais urânio enriquecido a 60%.

Na ocasião, a subsecretária-geral da ONU para assuntos políticos, Rosemary DiCarlo, estimou que o país tenha agora um estoque total de urânio enriquecido de mais de 18 vezes a quantidade permitida pelo JCPOA.

A relação entre as partes se deteriorou de vez quando Teerã removeu de suas instalações nucleares as câmeras de monitoramento instaladas pela agência da ONU. Grossi afirmou que a medida deixou a AIEA “cega”, sem informações atualizadas quanto à quantidade de material e ao número de centrífugas de que o pais dispõe.

A União Europeia (UE) chegou a intermediar negociações entre Washington e Teerã para restabelecer o acordo. As conversas, porém, foram abandonadas em meio aos protestos populares que tomaram as ruas iranianas desde setembro de 2022, após a morte da jovem Mahsa Amini sob custódia da “polícia da moralidade”.

“O JCPOA não está na agenda há meses”, declarou na terça-feira (24) o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price

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