Líbano anuncia a prisão de um suspeito de ligação com a morte de soldado da ONU

Hezbollah foi inicialmente apontado como responsável pela morte, mas negou envolvimento e disse que ajudou a prender o suspeito

As forças armadas do Líbano anunciaram na terça-feira (27) a prisão de um homem acusado de participar do ataque que terminou com a morte de um soldado irlandês membro da Unifil, a força interina da ONU (Organização das Nações Unidas) no país. As informações são da agência Associated Press (AP).

O Hezbollah, grupo armado fundamentalista islâmico que também tem ramificações na política libanesa, foi inicialmente apontado como responsável pela morte, mas negou envolvimento. Rana Sahili, porta-voz da organização, disse que a facção colaborou com o governo na caça ao suspeito.

A prisão do indivíduo foi confirmada por duas autoridades dos serviços de segurança do Líbano, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar. Segundo ambos, investigações estão sendo conduzidas para confirmar o envolvimento do homem no ataque. A identidade dele não foi revelada.

As forças de defesa da Irlanda descreveram o ataque. Um comboio com dois veículos blindados seguia para Beirute no dia 14 de dezembro e foi atacado por armas leves. Quando os tiros foram disparados, um dos blindados teria capotado na tentativa de fugir do local. Havia oito pessoas a bordo e quatro ficaram feridas, sendo que um dos soldados morreu ao dar entrada no hospital.

Alguns moradores da região do ataque teriam reagido com irritação quando o comboio fez um desvio por Al-Aqbiya, território que não faz parte da área sob mandato da Unifil. Não está claro, porém, se o ataque foi realizado pelos cidadãos locais. O militar morto foi identificada como Seán Rooney, das forças armadas da Irlanda.

Três pessoas chegaram a ser detidas sob suspeita de envolvimento no ocorrido, mas duas foram liberadas posteriormente. Andrea Tenenti, porta-voz da Unifil, diz que ainda não recebeu informações oficiais sob o andamento das investigações.

Soldados da missão de paz da ONU no Líbano durante exercício em junho de 2022 (Foto: Unifil/Flickr)
Por que isso importa?

Em junho deste ano, no Memorial Anual para honrar os funcionários que morreram em serviço, a ONU anunciou que, no período entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021, registrou o maior número de mortes de servidores em um ano. 

No total, 485 funcionários das Nações Unidas morreram em 2021, sendo 414 civis. De acordo com o chefe da organização, o secretário-geral António Guterres, eles eram de 104 nações de todos os cantos do mundo. Desde a fundação, mais de 3,5 mil homens e mulheres perderam a vida enquanto serviam à entidade.

Ole Bakke, norueguês servindo na Palestina, foi a primeira vítima da história da ONU, morto a tiros em julho de 1948. Dois meses depois, Folke Bernadotte, da Suécia, mediador na Palestina, foi o segundo a ser morto. Já o secretário-geral Dag Hammarskjöld, junto com outras 15 pessoas, morreu em um acidente de avião na antiga Rodésia, atual Zâmbia, em 1961.

Três décadas depois da morte de Hammarskjöld, o número e a escala crescentes de missões de paz da ONU passaram a colocar muitos funcionários em risco. Mais vidas foram perdidas durante a década de 1990 do que nas quatro décadas anteriores combinadas.

Recentemente, a ONU se tornou um alvo como entidade, com suas instalações atacadas três vezes: em Bagdá, 2003, Argel, 2007, e Cabul, 2009. O atentado em Bagdá matou o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que servia como alto comissário para os direitos humanos.

De 2013 a 2017, um aumento consistente nas mortes de soldados de paz devido a atos violentos resultou em 195 mortes.

Tags: